Do ex-condenado por fraude fiscal à produtora da Broadway: As escolhas mais mirabolantes de Trump na lista de embaixadores para a Europa

A um mês de regressar à Casa Branca, Donald Trump está a nomear os representantes dos Estados Unidos para o cenário internacional, incluindo diversos postos de embaixadores na Europa. Estas nomeações, que precisam de ser confirmadas pelo Senado norte-americano, revelam um padrão claro: Trump está a recompensar aliados políticos, doadores e até membros da sua própria família com posições diplomáticas de relevo.

Com cerca de 200 cargos de embaixador por preencher, algumas das escolhas já anunciadas têm gerado controvérsia pela sua natureza pouco convencional e pelos antecedentes dos nomeados.

França: o ex-condenado
Trump nomeou Charles Kushner, magnata imobiliário de 70 anos e pai de Jared Kushner, como embaixador dos EUA em França. Jared Kushner foi assessor sénior de Trump durante o seu primeiro mandato e é casado com Ivanka Trump.

Charles Kushner foi condenado em 2005 por contribuições de campanha ilegais, evasão fiscal e manipulação de testemunhas, tendo cumprido dois anos de prisão. Contudo, Trump concedeu-lhe um perdão presidencial em 2020.

Trump elogiou Kushner no seu comunicado, afirmando que este é “um líder empresarial, filantropo e negociador tremendo, que será um forte defensor dos interesses do nosso país.” Gérard Araud, antigo embaixador de França nos EUA, criticou duramente a nomeação, descrevendo-a como uma demonstração de “desprezo total pelas normas e leis.”

Reino Unido: o banqueiro
O bilionário Warren Stephens, de 67 anos, foi escolhido como embaixador para o Reino Unido. Stephens, banqueiro de investimentos do Arkansas, doou um milhão de dólares à campanha de Trump no verão de 2023.

Apesar do seu apoio recente, Stephens era um crítico de Trump em 2016, financiando esforços para impedir a nomeação de Trump como candidato republicano. Em 2017, o The Guardian revelou que Stephens co-possuía uma empresa investigada por violar leis federais.

Grécia: a ex-noiva do filho
Kimberly Guilfoyle, antiga apresentadora da Fox News e ex-procuradora, foi nomeada embaixadora para a Grécia. Guilfoyle, uma defensora feroz de Trump, foi noiva de Donald Trump Jr., mas relatos recentes sugerem que o casal se terá separado.

Guilfoyle enfrentou críticas por comentários feitos em 2015, durante a crise financeira grega, onde comparou os gregos a “cães não treinados que urinam no tapete” e afirmou que “não importa se fizeram um bom iogurte.”

Turquia: o lobista
Tom Barrack, bilionário e antigo conselheiro de Trump, será o novo embaixador na Turquia. Barrack, descendente de libaneses e fluente em árabe, foi acusado em 2021 de agir como lobista para os Emirados Árabes Unidos enquanto tentava negociar contratos milionários. Foi absolvido de todas as acusações em 2022.

Trump descreveu Barrack como uma “voz respeitada e experiente” que representará bem os EUA na Turquia, sem mencionar o histórico de ligações aos Emirados.

Áustria: o cavaleiro
Art Fisher, agente imobiliário da Carolina do Norte, foi nomeado para a Áustria. Fisher, que faz parte dos Trumpettes, um grupo de apoio a Trump, é também cavaleiro na Ordem Dinástica da Casa Real de Bourbon.

Trump destacou a experiência de Fisher no setor imobiliário e afirmou que ele “nos fará sentir orgulhosos na Áustria.”

Croácia: a colecionadora de arte
Nicole McGraw, colecionadora de arte e filantropa, será a embaixadora na Croácia. McGraw, formada em História da Arte, lidera uma empresa de NFTs, um setor associado à criptografia e à especulação financeira. Trump também está ligado ao mercado de NFTs, que apelidou de “cripto-presidente.”

Luxemburgo: a produtora
Stacey Feinberg, produtora da Broadway e doadora da campanha de Trump, foi indicada como embaixadora no Luxemburgo. Feinberg, conhecida pela sua participação no musical Jagged Little Pill, também é membro da Women Founders Network.

Trump tem um histórico de nomear figuras do entretenimento para cargos governamentais, como o médico Dr. Mehmet Oz e Linda McMahon, antiga CEO da WWE.

Estas escolhas reforçam o estilo único de Trump em recompensar aliados e figuras leais, mas suscitam questões sobre a adequação dos nomeados para os postos diplomáticos que irão ocupar.