Kamala Harris ‘ressuscitada’? Democratas não a culpam por derrota frente a Trump e até querem nova candidatura em 2028
A vice-presidente Kamala Harris encontra-se no centro de um debate interno entre os democratas sobre o seu futuro político. Apesar da derrota na eleição presidencial de 2024, Harris continua a ser considerada uma figura relevante no partido, com alguns membros a manifestarem apoio a uma possível nova candidatura em 2028. Outros, porém, permanecem céticos quanto às suas hipóteses de sucesso, especialmente num cenário político tão competitivo, destaca o jornal Politico.
Durante uma recente reunião do Comité Nacional Democrata (DNC), vários líderes do partido expressaram respeito pela vice-presidente e pelo papel que desempenhou. Yvette Lewis, membro do painel executivo do DNC, elogiou Harris, afirmando: “Eu apoiaria 100% qualquer decisão que ela tomasse. Acho que ela é uma pessoa fenomenal e foi uma candidata fenomenal.”
Shasti Conrad, presidente do Partido Democrata do Estado de Washington, destacou que apoiaria Harris novamente, mas salientou que as primárias presidenciais de 2028 serão um processo aberto: “Certamente, tive muito orgulho de apoiá-la e adoraria fazê-lo novamente, mas haverá competição.”
No entanto, fora deste círculo mais próximo, as reações não são tão unânimes. Tommy McDonald, estratega democrata da Pensilvânia, foi mais direto: “Não acho que ninguém esteja a pedir uma terceira campanha presidencial de Harris. Os democratas precisam de construir um partido que consiga vencer em qualquer mapa, e Harris não conseguiu isso.”
Harris, que obteve 75 milhões de votos e bateu recordes de angariação de fundos, ainda enfrenta críticas pela perda generalizada de swing states e pela derrota no voto popular. No entanto, aliados próximos argumentam que a vice-presidente não teve tempo suficiente para conduzir uma campanha eficaz, pois só iniciou a sua corrida presidencial cerca de 100 dias antes da eleição, após Joe Biden abandonar a disputa em junho de 2024.
Um ex-assessor de Harris afirmou que a falta de tempo foi crucial: “Ela não teve uma oportunidade real de se apresentar aos eleitores americanos.” Por outro lado, conselheiros de Biden sugerem que fatores globais, como o impacto prolongado da pandemia, pesaram mais na derrota do que os méritos ou falhas de Harris como candidata.
Alternativas no horizonte
Enquanto avalia o seu próximo passo, Harris tem várias opções em aberto. Poderá voltar a tentar a presidência, candidatar-se ao governo da Califórnia em 2026 ou permanecer ativa na política sem se envolver diretamente em campanhas eleitorais. Pessoas próximas indicaram que Harris discutirá os seus planos durante as férias com a família, e uma decisão mais concreta poderá surgir em 2025, altura em que as eleições para governador da Califórnia estarão em destaque.
De acordo com sondagens iniciais, Harris mantém vantagem entre os eleitores democratas para 2028, liderando com mais de 30 pontos percentuais sobre potenciais rivais. No entanto, especialistas alertam para a volatilidade destas sondagens realizadas com tanta antecedência.
Christine Pelosi, membro do comité executivo do DNC e filha da congressista Nancy Pelosi, expressou otimismo sobre o futuro de Harris: “Estou muito orgulhosa da campanha que ela fez e do trabalho que realizou. Ela é jovem e tem muito a dizer.” Pelosi incentivou Harris a concentrar-se em proteger as conquistas da administração Biden e dos democratas.
Ainda assim, nem todos partilham este entusiasmo. Corbin Trent, estratega ligado a políticos progressistas, reagiu à ideia de uma nova candidatura de Harris com um emoji de náusea, simbolizando a divisão interna que a sua possível candidatura pode causar.
Clay Middleton, ex-assessor da campanha de Biden em 2024, acredita que Harris enfrentará um caminho difícil se decidir voltar a ser candidata: “O campo não estará livre. Simplesmente não estará.”
Com muitos governadores e senadores democratas a ponderar candidaturas, as primárias de 2028 prometem ser competitivas e, possivelmente, fragmentadas. O regresso de Harris ao topo da lista de candidatos dependerá da sua capacidade de unir o partido e superar os desafios que enfrenta, tanto dentro como fora das fileiras democratas.