Luís Delgado apresenta hoje o plano de reestruturação da dona da Visão

O presidente da Trust in News, Luís Delgado, vai anunciar esta sexta-feira um plano de reestruturação com “medidas diretas específicas”.

Luís Delgado fez o anúncio perante a comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo, que detém 17 marcas, entre as quais a Visão.

“Este plano, com medidas diretas específicas, vai ser apresentado no dia 27 de dezembro junto do tribunal e, previamente a isso, junto do administrador de insolvência que, tanto quanto nos disse a nós, diretamente, não tem nenhum plano”, acrescentou.

“Também acho que não está muito interessado em conhecer os planos de reestruturação, mas ser-lhe-á mostrado na altura”, asseverou Luís Delgado.

“Não sei como vai acabar a empresa, até pode acontecer como já ouvi que o administrador de insolvência até final deste mês” se não tiver dinheiro para pagar os ordenados irá imediatamente para liquidação, referiu.

Ou seja, “liquida imediatamente a empresa e eu não posso fazer nada”, enfatizou Luís Delgado.

Agora, “o que eu posso fazer, e vai ser apresentado a 27 de dezembro, é um plano de reestruturação que me comprometi a fazer e entregar no tribunal, porque se for assim ao menos existiu ali um plano de reestruturação”, anunciou o jornalista e gestor.

No entanto, os trabalhadores duvidam que seja o gestor a ter agora capacidade de a recuperar.

“O que estranhamos é que alguém que geriu a empresa durante sete anos sem conseguir recuperá-la, sem cumprir obrigações fiscais e pagar salários atempadamente tenha agora a intenção de apresentar um plano de recuperação”, disse à Lusa a jornalista e delegada sindical Clara Teixeira, que trabalha na revista Visão há 20 anos.

Clara Teixeira afirmou que os trabalhadores esperam que haja mais planos de reestruturação e também que surjam propostas de compras de títulos por investidores.

A delegada sindical recordou que, em plenário, os trabalhadores votaram maioritariamente pelo afastamento da gestão de Luís Delgado da empresa e que isso mesmo foi pedido ao tribunal, acrescentando que, neste momento, “a preocupação dos trabalhadores é encontrar compradores para os títulos e para salvar postos de trabalho”.

Após a apresentação ao tribunal, esse plano de reestruturação será enviado ao administrador de insolvência e aos credores e deverá ser levado à assembleia de credores, marcada para 29 de janeiro.

Os trabalhadores da Trust in News ainda aguardam para saber se, no final deste mês, a empresa terá condições de lhes pagar os salários. Segundo fontes contactadas pela Lusa, a massa salarial bruta (incluindo impostos e contribuções para a Segurança Social) a ser paga no final de dezembro ascende a cerca de 400 mil euros.

O Processo Especial de Revitalização (PER) da Trust in News foi reprovado em novembro com os votos da Autoridade Tributária (AT) e Segurança Social. Em 04 de dezembro, a TiN foi considerada insolvente pelo tribunal, que fixou em 30 dias o prazo para reclamação dos créditos e marcou a assembleia de credores para 29 de janeiro.

O tribunal nomeou como administrador de insolvência André Fernando de Sá Correia Pais. Nomeou ainda a Comissão de Credores, que tem como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, a Autoridade Tributária, a Impresa Publishing, o Novo Banco e o representante dos trabalhadores a indicar pela Comissão de Credores. Os CTT e o BCP são membros suplementes desta Comissão.

Na assembleia de credores, o administrador de insolvência irá apresentar o relatório sobre a situação da empresa, incluindo sobre o défice de exploração (despesas superiores a receitas). Poderá ainda propor um plano de reestruturação ou, em alternativa, propor no seu relatório a elaboração de um plano de reestruturação se os credores assim decidirem.

Também o plano de reestruturação de Luís Delgado deverá ser levado a essa reunião da Comissão de Credores para estes se pronunciarem. A dívida acumulada da Trust in News supera os 33 milhões de euros, segundo informações recolhidas pela Lusa.

O grupo TiN, de Luís Delgado, detém 17 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais.

Atualmente, tem cerca de 130 trabalhadores.