Dinamarca proíbe hastear de todas as bandeiras estrangeiras para garantir a “superioridade” da própria

A Dinamarca vai proibir o hastear de bandeiras estrangeiras no país a partir de 1 de janeiro: o objetivo do novo regulamento é garantir a soberania e a superioridade sobre as restantes bandeiras do Dannebrog, a bandeira dinamarquesa, a cruz branca sobre fundo vermelho, “o símbolo nacional mais importante que temos na Dinamarca”.

Na verdade, a bandeira vermelha e branca não só é hasteada em frente a quase todas as casas, como também se vê nas roupas, nas decorações de Natal e até nos bolos de aniversário de muitos dinamarqueses, orgulhosos daquela que consideram a bandeira nacional mais antiga do mundo e representa o Reino da Dinamarca há mais de 800 anos.

Os novos regulamentos permitem exceções, como bandeiras hasteadas em embaixadas estrangeiras, mas será proibido e punível se cidadãos, empresas, associações, instituições ou grupos hastearem as bandeiras nacionais e regionais de outros países, bem como as bandeiras que podem ser equiparadas a estas por qualquer grupo. Da mesma forma, a polícia poderá conceder autorizações específicas para hastear bandeiras estrangeiras mediante pedido e, em situações extraordinárias, o Ministério da Justiça poderá isentar bandeiras da proibição. À luz da guerra na Ucrânia, o Ministro da Justiça definiu a bandeira ucraniana como a primeira exceção.

O motivo desta proibição? Martin Hedegard, que vive em Kollding, uma vila piscatória com cerca de 60 mil habitantes no sul da Dinamarca, que decidiu hastear uma bandeira dos Estados Unidos na sua quinta. Os seus vizinhos apresentaram queixa, especialmente chateados pelo facto de a bandeira americana não ter sido substituída pela dinamarquesa nem no dia 9 de Abril, data em que a Dinamarca comemora o ataque e ocupação de os alemães na II Guerra Mundial e em que o Dannebrog voa inicialmente a meia haste e depois a todo o mastro, segundo a tradição.

O gesto motivou um debate nacional no país sobre o direito de hastear bandeiras estrangeiras em solo dinamarquês: o caso, que teve grande cobertura mediática, acabou por chegar ao Supremo Tribunal Federal. No entanto, foi necessária uma aliança interpartidária no Folketing [Parlamento dinamarquês], para reintroduzir o monopólio do Dannebrog.