Negociações entre Israel e Hamas para cessar-fogo em Gaza entram em “fase final e decisiva”
As negociações para um cessar-fogo em Gaza deverão intensificar-se nos próximos dias, de acordo com declarações de representantes tanto de Israel como do Hamas.
Basem Naim, porta-voz do Hamas e membro do Bureau Político da organização, afirmou à Newsweek que os avanços nas conversações têm sido positivos. “Ainda não há resultados concretos ou finais, mas estamos a progredir de forma positiva e otimista. A menos que Netanyahu e o seu governo coloquem novas condições, poderemos chegar a um acordo em breve. Da nossa parte, estamos a mostrar toda a flexibilidade necessária para facilitar um entendimento”, explicou esta terça-feira.
Proposta em três fases
Fontes palestinianas indicaram à Reuters que as negociações entraram “numa fase final e decisiva”. De acordo com um alto responsável palestiniano envolvido nos diálogos, a proposta atual inclui um plano em três etapas:
- Libertação de reféns civis e militares femininas: Esta fase inicial ocorreria num prazo de 45 dias. Segundo estimativas de Israel, dos 96 reféns ainda em Gaza, 62 poderão estar vivos.
- Recuo das forças israelitas: Israel retiraria tropas das zonas centrais de Gaza, incluindo as estradas costeiras e a faixa de terra junto à fronteira com o Egito.
- Monitorização de violações: Qualquer violação por parte de grupos armados, como o Hezbollah, levaria a retaliações por parte de Israel.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, confirmou que um acordo está “mais próximo do que nunca”, após semanas de mediação liderada pelos Estados Unidos, Qatar e Egito.
No entanto, o processo de negociações gerou controvérsia em Israel. Haim Tomer, antigo chefe da unidade de recolha de informações do Mossad, criticou a estratégia do governo. Em declarações à Newsweek, Tomer referiu que o foco em acordos limitados, envolvendo apenas 20 a 25 reféns, constitui um erro grave:
“É um erro catastrófico. Israel está a perder a oportunidade de garantir a libertação de todos os reféns porque o governo se recusa a aceitar um cessar-fogo abrangente.”
Enquanto alguns meios de comunicação sugeriram que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estaria a caminho do Egito para participar nas negociações, o gabinete do líder israelita desmentiu essa informação, segundo reportou o jornal Haaretz.
Entretanto, Netanyahu reafirmou que qualquer tentativa de rearmamento por parte do Hezbollah será enfrentada com força. “Se o Hezbollah quebrar o acordo e tentar rearmar-se, iremos atacar. Por cada violação, responderemos com força”, afirmou o primeiro-ministro israelita.
O papel dos mediadores internacionais tem sido crucial para aproximar as partes. A coordenação entre os Estados Unidos, Qatar e Egito procura consolidar um entendimento que permita aliviar a situação humanitária em Gaza, enquanto reduz a escalada de violência.
O desfecho das negociações poderá marcar um ponto de viragem no conflito, mas os desafios permanecem significativos, com divisões internas e preocupações de segurança ainda a pesar sobre as decisões finais.