Guia das doenças de inverno: o que esperar da Covid-19, gripe, noronavírus e RSV?
Esta é a época de nos reunirmos dentro de casa e estarmos rodeados dos entes queridos – o que, infelizmente, apontou o site ‘Yahoo Life’, torna mais fácil a propagação e infeção pela Covid-19, o RSV (vírus sincicial respiratório), gripe e o novovírus.
Então, o que pode esperar nesta estação, de acordo com especialistas em saúde pública?
Covid-19
Sintomas
As doenças respiratórias como a Covid-19 partilham muitos sintomas comuns, como tosse, falta de ar, febre, dores, congestão e dor de garganta. Um sinal revelador que diferencia a Covid é a perda do paladar ou do olfato, o que não é comum noutras doenças respiratórias. Os sintomas também podem começar ligeiros e depois tornar-se gradualmente mais graves.
Tendências atuais
O rastreio evoluiu muito nos últimos quatro anos. Menos pessoas estão a testar e a comunicar os resultados às autoridades de saúde, pelo que a maioria dos casos monitorizados provém da vigilância de águas residuais e de visitas aos serviços de urgências.
Segundo os dados mais recentes do CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças), as visitas às urgências relacionadas com a Covid-19 nos EUA “são mínimas”. Robert Murphy, professor de doenças infecciosas na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University, salientou que as mortes pela Covid-19 foram “oscilando entre 50 e 60 por dia nas últimas semanas” – abaixo das cerca de 200 por dia em 2023.
Jessica Justman, professora de doenças infeciosas na Universidade de Columbia, indicou que as variantes da Covid-19 mais prevalentes em circulação atualmente são a KP.3.1.1 (representando 44% dos casos) e a Omicron XEC (38%), e que provavelmente se assistirá “a um padrão sazonal previsível, sem sinais de um aumento em grande escala”.
A previsão do inverno
As previsões são mais difíceis de definir porque é um vírus mais recente do que o RSV ou a gripe, que os especialistas têm anos de experiência em rastrear. A Covid-19 também desafiou alguns dos padrões sazonais habituais de outros vírus respiratórios. Se continuar a comportar-se como tem acontecido nos últimos três anos, devemos esperar ver dois picos por ano – um durante o verão e outro durante o inverno.
“No ano passado, as hospitalizações semanais atingiram o pico durante a semana de 30 de dezembro”, lembrou Jessica Justman. “Os especialistas preveem que o aumento desta época possa ocorrer um pouco mais tarde – possivelmente no início de janeiro, após as férias de Natal e Ano Novo.”
Gripe
Sintomas
Dor de garganta, nariz entupido ou corrimento nasal e tosse são sintomas comuns da gripe, assim como de muitos outros vírus respiratórios. Mas, ao contrário da Covid-19 ou de uma constipação, é mais provável que a gripe o atinja de uma só vez, com fadiga e dores súbitas e extremas, em vez de surgir gradualmente.
Tendências atuais
Os dados de vigilância mais recentes do CDC mostram uma atividade de gripe mínima a moderada na maior parte dos EUA. “Estamos apenas a começar a ver o início do habitual aumento da gripe e do VSR – aqueles que sempre esperamos que comecem a aumentar”, explicou Jim Conway, professor de doenças infeciosas na Universidade de Wisconsin- Madison, ao Yahoo Life.
A previsão do inverno
A época da gripe começa normalmente em dezembro, aumenta significativamente em janeiro e fevereiro e depois começa a diminuir em março, “mais semana, menos semana”, apontou Murphy. “Temos o pico nos EUA no final de fevereiro com a gripe”, referiu David Weber, professor de Medicina na Universidade da Carolina do Norte. “Podemos atingir o pico já em novembro e até abril ou maio – mas, classicamente, atingimos o pico no final de fevereiro.”
As autoridades de saúde pública dos EUA geralmente olham para o Hemisfério Sul (que vive o inverno durante o verão) para ter uma antevisão para a época de vírus respiratórios. Com base no que países como a Austrália e a Nova Zelândia registaram este ano, Conway afirma que a gripe A, um vírus H3N2, será provavelmente a estirpe dominante nesta época gripal.
Vírus sincicial respiratório (RSV)
Sintomas
Os sintomas do vírus sincicial respiratório, ou RSV, podem começar semelhantes aos de uma constipação comum, com espirros e corrimento nasal. Mas um “tosse sibilante” pode ser o sinal de que progrediu para algo mais grave.
Tendências atuais
Justman diz que a partir de dezembro, a atividade do RSV nos EUA “é elevada e continua a aumentar, com a subida das infeções em vários estados – especialmente no Sudeste, e particularmente em crianças pequenas”. O aumento está, no entanto, dentro do esperado para esta altura do ano.
A previsão do inverno
A época de RSV começa normalmente no outono, de meados de setembro a meados de novembro, e atinge o pico no inverno, de dezembro a meados de fevereiro. O CDC prevê que esta época de VSR provavelmente “seguirá as tendências estabelecidas”, apontou Justman. “Podemos esperar que o pico de hospitalizações esteja alinhado com os padrões sazonais típicos, com uma taxa de hospitalização semanal semelhante ou inferior ao pico da época 2023-2024 – que foi de 4,2 hospitalizações semanais confirmadas em laboratório por 100 mil habitantes.”
Norovírus
Sintomas
O norovírus, também conhecido como “doença do vómito de inverno”, tem por sintomas os vómitos, diarreia, náuseas e sensação horrível em geral.”O norovírus é a principal causa de vómitos e diarreia por gastroenterite aguda nos EUA, responsável por 58% das doenças de origem alimentar e cerca de 2.500 surtos anualmente”, indicou Justman. “Nos anos em que existe uma nova estirpe do vírus, pode haver mais 50% de doenças por norovírus.”
Também se espalha com uma facilidade incomum. A maioria dos surtos ocorre através do contacto direto com uma pessoa infetada, mas também pode sobreviver dias ou mesmo semanas em superfícies.
Tendências atuais
Justman diz que o norovírus está atualmente em ascensão, tendo sido registados 211 surtos entre agosto e o início de novembro – “ultrapassando o mesmo período dos anos anteriores”.
A previsão do inverno
Embora possa contrair o norovírus em qualquer altura do ano, o inverno é o horário nobre para a propagação do norovírus e de outros vírus, uma vez que estamos mais tempo em ambientes fechados. “A previsão sugere que a atividade do norovírus continuará durante o inverno, com os surtos a atingirem provavelmente o pico no final do outono e no início da primavera, o que é típico do vírus”, concluiu Justman.