Ex-ministro de Sánchez nega em tribunal comissões na compra de máscaras na pandemia

O ex-ministro dos Transportes de Espanha José Luis Abalos, ‘braço direito’ durante anos do atual chefe do Governo, Pedro Sánchez, negou hoje em tribunal ter recebido comissões na compra de máscaras durante a pandemia, quando integrava o executivo.

A justiça espanhola abriu no início de novembro uma investigação a José Luis Abalos por causa de suspeitas de corrupção na compra de máscaras durante a pandemia de covid-19 por parte de estruturas da administração pública nacional e de governos autonómicos.

José Luis Ábalos, ministro dos Transportes durante três anos, até julho de 2021, foi também, até então, secretário de Organização do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e considerado como um ‘braço direito’ de Sánchez.

A justiça espanhola já investigava há meses o antigo assessor de Ábalos no Governo, Koldo García, quando o Tribunal Supremo de Espanha confirmou em 07 de novembro, num comunicado, que Ábalos seria também investigado e que estão em causa suspeitas de “participação numa organização criminosa, tráfico de influências, corrupção e desvio de fundos”.

“Não houve comissões nenhumas”, disse hoje Ábalos aos jornalistas, à porta do Tribunal Supremo de Espanha, em Madrid, após três horas de interrogatório pelo juiz que tem a instrução do caso e pelo Ministério Público.

O antigo ministro garantiu que prestou os “esclarecimentos suficientes” ao juiz e disse que vai entregar documentação para fundamentar as suas declarações.

Segundo fontes presentes na audição citadas por vários meios de comunicação social espanhóis, Ábalos negou todas as suspeitas de que é alvo no processo e todas as acusações de corrupção em que o envolveu o empresário Victor Aldama no âmbito desta investigação.

Ábalos não envolveu qualquer membro do atual governo ou de executivos anteriores de Sánchez nas suspeitas de corrupção na compra das máscaras e limitou eventuais responsabilidades ao antigo assessor, Koldo García, segundo as mesmas fontes.

Este caso, a par da investigação de que é alvo a mulher do primeiro-ministro, Begoña Gómez, por suspeita de tráfico de influências e corrupção, tem sido um dos mais usados nos últimos meses pela oposição em Espanha para atacar Pedro Sánchez, que está à frente do Governo espanhol desde 2018.

A oposição acusa Sánchez de já saber desde 2021 da corrupção que envolvia Ábalos e de a ter encoberto, sendo esse o motivo por que o tirou do Governo e da direção do PSOE em julho daquele ano.

Sánchez tem negado estas acusações e lembrou que Ábalos saiu do Governo com outros ministros, no âmbito de uma remodelação alargada, garantindo que essa mudança visou dar nova energia ao executivo após a pandemia.

José Luis Ábalos foi entretanto suspenso provisoriamente como militante do PSOE em fevereiro deste ano, quando foram conhecidas as primeiras notícias sobre o ‘caso Koldo’, mas recusou abandonar o parlamento e manteve-se como deputado independente.

Sánchez tem destacado precisamente a forma rápida como o PSOE agiu perante a suspeita de corrupção e tem dito que confia na justiça.