É oficial: 2024 termina com nova baixa das taxas de juro. BCE anuncia descida de 25 pontos-base
O Banco Central Europeu (BCE) terminou o ano de 2024 com mais uma descida das taxas de juro. Na sua reunião de política monetária de dezembro, o executivo liderado por Christine Lagarde anunciou uma nova descida de 25 pontos-base.
“A decisão de reduzir a taxa de facilidade de depósito – a taxa pela qual o Conselho do Governador orienta a postura da política monetária – é baseada na avaliação atualizada da perspetiva de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, indica o comunicado emitido esta quinta-feira ao início da tarde pela instituição liderada por Christine Lagarde.
De acordo com o que indica o BCE, o processo de de desinflação “está bem encaminhado”. “A equipa vê a inflação geral em média 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027, quando o Sistema de Comércio de Emissões da UE expandido entrar em operação. Para a inflação excluindo energia e alimentos, a equipa projeta uma média de 2,9% em 2024, 2,3% em 2025 e 1,9% em 2026 e 2027”, indica a nota.
“A maioria das medidas de inflação subjacente sugere que a inflação se estabilizará em torno da meta de médio prazo de 2% do Conselho do BCE de forma sustentada. A inflação doméstica caiu, mas continua alta, principalmente porque os salários e preços em certos setores ainda estão se ajustando ao aumento da inflação passada com um atraso substancial”, continua o comunicado.
No entanto, é alertado que se espera uma recuperação económica da Europa mais lenta do que o que indicavam as projeções de setembro. “Não obstante a recuperação do crescimento no terceiro trimestre deste ano, os indicadores de inquéritos apontam para um abrandamento no trimestre atual. Os especialistas projetam que a economia registará uma taxa de crescimento de 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027. A recuperação projetada assenta principalmente na subida dos rendimentos reais – que deverá permitir às famílias consumir mais – e no aumento do investimento das empresas. Com o tempo, o desvanecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva deverá apoiar a retoma da procura interna”, explica o BCE, que acrescenta: “O Conselho do BCE está determinado a assegurar que a inflação estabiliza, de forma sustentada, no seu objetivo de médio prazo de 2%. Seguirá uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária”.
Assim, as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez serão reduzidas para, respetivamente, 3,00%, 3,15% e 3,40%, com efeitos a partir de 18 de dezembro de 2024, clarifica o BCE.
E para 2025?
“O próximo ano irá com certeza apresentar ventos contrários para a economia da zona euro, que poderão incluir uma guerra comercial, ou pelo menos tarifas mais altas nas exportações para os EUA. Por isso perspetivo que o BCE irá gerir estes riscos continuando a baixar as taxas de juro, de forma a estimular a atividade económica e minimizar a possibilidade de recessão”, considera Ricardo Evangelista, prevendo um minino de 1% de cortes ao longo do próximo ano, levando a taxa de referência para os 2%
Já Michael Krautzberger sublinha: “Não acreditamos que o BCE acelere o ritmo da sua política antes de haver maior clareza sobre a futura política comercial dos Estados Unidos”.