Uma em cada quatro reclusas em Portugal é estrangeira: tráfico de droga é o principal motivo das condenações
Uma em cada quatro reclusas em Portugal têm nacionalidade estrangeira, indica esta quinta-feira a rádio ‘Renascença’: de acordo com dados da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (FGRSP), que dizem respeito a 2023, há quase 10 mil presos em Portugal, contra apenas 906 mulheres – destes, 228 mulheres e 1.808 homens são estrangeiros, ou seja, representam 25 e 16% da população prisional do país.
O principal crime que as leva a cumprir pena é o tráfico de estupefacientes – muitas são colocadas como correios de droga e detidas na passagem ou tentativa de entrada em Portugal: em geral, são jovens – a grande maioria tem entre 19 e 29 anos -, e em maior número do que as portuguesas, algo que não acontece com os homens: são sempre maiores os números de reclusos portugueses face aos estrangeiros. Isto não significa que sejam imigrantes, apenas que a maioria dos estrangeiros não reside em Portugal. A nacionalidade brasileira é a mais representada: das 228 mulheres estrangeiras nas prisões portuguesas, 67,5% (154 pessoas) vêm do Brasil.
Segundo Ana Guerreiro, especialista em crime organizado e criminalidade feminina, esta “é uma tendência que existe há muitos anos” em Portugal, que registou um aumento no ano passado. A investigadora alertou que não há relação entre imigração e criminalidade, sustentando não haver qualquer evidência científica que relacione as duas tendências.
De acordo com a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, das 228 reclusas estrangeiras em Portugal, em 2023, “78 indicaram, à entrada, ter residência em Portugal e 150 referiram ter como residência direções postais no estrangeiro”. Para Ana Guerreiro, a posição privilegiada de Portugal como porta de entrada de droga na Europa faz com que seja “uma das uma das principais atividades lucrativas em termos do crime organizado”.
Entre as reclusas estrangeiras condenadas, em que se excluem as que estão em prisão preventiva, 97 (67,8%) foram condenadas por tráfico de droga. Nos “últimos sete anos, 2023 foi o ano em que se verificaram mais mulheres estrangeiras nos crimes relacionados com estupefacientes”, salientou Ana Guerreiro.