António Costa recebido pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer para falar sobre crises internacionais

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, vai ser, esta quinta-feira, recebido pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para discutir as atuais crises internacionais, nomeadamente na Ucrânia, no Médio Oriente e as relações com os Estados Unidos.

O encontro, em Londres, será o primeiro entre os dois desde que o ex-primeiro-ministro português assumiu as atuais funções, no início deste mês.

Segundo fontes europeias, a reunião vai possibilitar a Costa e Starmer falarem pela primeira vez de forma informal sobre “os atuais desafios geopolíticos, em especial a Ucrânia, as relações transatlânticas e a situação no Médio Oriente”.

O encontro será também uma oportunidade para reiterar posições comuns da União Europeia (UE) e do Reino Unido em questões como o apoio à Ucrânia.

Costa vai aproveitar para convidar Keir Starmer para o jantar à margem de um retiro de líderes dos 27 do bloco comunitário promovido pelo Conselho Europeu dedicado ao tema da Defesa, previsto para 3 de fevereiro na Bélgica.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, também se deverá juntar ao retiro.

Na conversa dos dois líderes também deverá ser abordada a realização, no primeiro semestre de 2025, de uma primeira cimeira UE-Reino Unido, iniciativa referida durante o encontro em outubro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Esta cimeira, a primeira desde o Brexit (como ficou conhecido o processo da saída britânica da UE), pretende reaproximar Bruxelas e Londres depois de alguns anos de relações tensas, algo que o novo governo trabalhista tem vindo a procurar.

Depois da visita de Starmer a Bruxelas em outubro, Rachel Reeves foi a primeira ministra das Finanças britânica a participar numa reunião com os homólogos na capital belga esta semana.

O governo britânico tem reiterado o interesse em melhorar as relações e aprofundar a cooperação em áreas como a segurança e a defesa, mas sem voltar ao mercado único, à união aduaneira ou à livre circulação de pessoas.

Na terça-feira, o secretário de Estado britânico para as Relações com a UE, Nick Thomas-Symonds, identificou a segurança, proteção e prosperidade como os três pilares base para o “reinício” das relações com a UE após o Brexit.

Na área económica, o governo britânico pretende obter acordos sanitários e fitossanitários, o reconhecimento mútuo das qualificações profissionais e a facilitação dos procedimentos de visto para artistas poderem atuar na UE.

A UE, por seu lado, tem interesse em questões como as pescas nas águas britânicas e a mobilidade de jovens entre o espaço europeu e o Reino Unido, mas este tipo de negociações terá lugar mais tarde.

A prioridade, para já, é fazer cumprir o Acordo de Saída e o Acordo de Comércio e Cooperação, porque Bruxelas entende que ainda há trabalho a fazer para estes serem aplicados.

Entretanto, o Reino Unido tem procurado entendimentos a nível bilateral, tendo na terça-feira assinado um plano com a França, a Alemanha, a Bélgica e os Países Baixos, o chamado “Grupo de Calais”, para tentar travar as travessias ilegais do Canal da Mancha.

O antigo primeiro-ministro português António Costa iniciou, no passado dia 1 de dezembro, funções como presidente do Conselho Europeu, a instituição que define as orientações e prioridades políticas comunitárias, num mandato que se estende até maio de 2027.

É o primeiro português e o primeiro socialista a assumir a liderança da instituição.