Desafios tecnológicos que o setor segurador enfrentará em 2025

Por Ricardo Galante, Principal Analytics & IA Advisor do SAS

O setor segurador tem vindo a sofrer sucessivas transformações, impulsionadas por fatores seja económicos, regulatórios, tecnológicos, comportamentais por parte dos consumidores, entre outros, e a verdade é que isto tem obrigado a um redesenho e constante ajuste, de forma a manter-se uma atividade competitiva e relevante no mercado. O objetivo é não perder agilidade e eficiência e estas capacidades e competências podem ser potenciadas pela tecnologia, ajudando na otimização de processos, personalização de serviços, melhoria no atendimento ao cliente, criação de novas oportunidades de crescimento, etc.

Neste contexto, irei falar de alguns desafios que na minha ótica o setor segurador enfrentará em 2025 e a forma como as ferramentas tecnológicas poderão ajudar a resolver ou contornar o problema.

O setor segurador vive uma crise causada, entre outros motivos, pelo aumento das apólices e indemnizações devido a perdas decorrentes de catástrofes naturais ou pela pressão para encontrar cobertura em mercados de alto risco. Ora, perante esta situação alguns gestores do setor optaram pela ascensão da IA ​​generativa de forma a encontrar soluções rápidas. Penso que, com medidas de proteção ética adequadas e supervisão humana, a IA confiável é uma solução, oferecendo a informação e a agilidade necessárias para redefinir o setor.

Aliás, a Lei da UE sobre IA é um exemplo claro dos esforços iniciais que estão a estabelecer barreiras de proteção para a IA nos seguros, assim como noutros setores.

Para estabelecer as bases e cumprir as normas regulamentares, o setor segurador deve dar prioridade à linhagem e à governação dos dados no âmbito das suas capacidades de IA, sendo de vital importância a limpeza destes dados de erros e inconsistências. Isto ajudará a garantir a reutilização, melhorar a precisão da tomada de decisões, aumentar a produtividade e reforçar a confiabilidade dos resultados. Incentivar a literacia de dados em toda a organização será também outro fator determinante na sua capacidade de abordar, compreender e adotar práticas éticas de IA. Os gestores de risco também têm demonstrando maior preocupação com as consequências indesejadas dos algoritmos robóticos. A prototipagem pode parecer promissora, mas a IA de produção requer uma infraestrutura robusta para garantir uma implementação responsável e segura.

É por isso que as seguradoras devem centrar-se em aprofundar a importância de integrar a IA nos seus sistemas existentes, enquanto se alinham com uma estratégia de negócio com uma governação forte.

O setor tecnológico prevê que as seguradoras deixarão de ser indemnizadores reativos para se tornarem parceiros proativos dos seus segurados, sejam eles consumidores ou empresas. Graças à IA e à recolha de dados dos clientes – como dados de saúde – as seguradoras podem oferecer cobertura adequada e fornecer aconselhamento personalizado, reinventando a experiência convencional do cliente e reduzindo os pagamentos de apólices.

Por outro lado, a criação da infraestrutura tecnológica para identificar com precisão a fraude e outras ameaças continua a ser um desafio para as seguradoras tradicionais e para as empresas insurtech. Portanto, uma seguradora digital de sucesso deve gerir esforços para atrair clientes, fornecer-lhes um serviço adequado e equilibrar os diferentes tipos de riscos que impõem, num ecossistema integrado e baseado na nuvem.

Ao centralizar e integrar as tarefas dos atuários, subscritores e analistas de fraude, as seguradoras podem garantir que os lucros são obtidos com clientes adequados ao risco, servindo-os e protegendo-os exatamente como necessitam, e a um preço que faça justiça a todas as partes.

Por fim, com a expectativa de que a esperança de vida global aumente para mais de 78 anos até 2050, a indústria dos seguros de vida precisa de criar novas oportunidades. A falta de acessibilidade e a marginalização histórica estão a fazer com que muitos daqueles que poderiam beneficiar de uma apólice não tenham seguro. Ao incorporar dados mais precisos e confiáveis, tomar decisões informadas sobre taxas e ao alcance global das plataformas digitais, as seguradoras podem educar e proteger mais pessoas.

Em suma, a governação de dados, a transformação das seguradoras em parceiros proativos ou a centralização de esforços na nuvem são alguns dos desafios que a indústria seguradora terá pela frente e que, por isso mesmo, não deverá negligenciar.

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