Novas regras da poluição marítima ameaçam saúde humana e podem contaminar a cadeia alimentar, diz agência das Nações Unidas
As novas regras para impedir poluição marítima, em vigor desde o início do ano, podem prejudicar os seres humanos, devido à contaminação de peixes e crustáceos com várias toxinas, de acordo com um relatório realizado pela ‘International Maritime Organization’ (IMO) e consultado pelo ‘The Guardian’.
No relatório, a IMO, a agência das Nações Unidas responsável pela regulamentação do transporte marítimo, refere que não existem dados «de toxinas» suficientes para avaliar o risco para os seres humanos, causado pelo aumento da utilização de sistemas de limpeza de gases, também conhecidos como ‘purificadores’.
Estes dispositivos reduzem a quantidade de poluição no ar causada pelos navios, contudo os modelos mais baratos aumentam drasticamente a quantidade de poluentes enviados directamente para o mar.
As companhias de navegação gastaram já mais de 12 mil milhões de dólares na instalação de milhares de ‘purificadores’ de navios a nível mundial, com o objectivo de corresponder às novas regras para combater a poluição do ar, introduzidas a 1 de Janeiro de 2020.
Alguns dos poluentes considerados mais preocupantes, pelos especialistas, são os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), que têm sido associados a cancro de pele, pulmão, bexiga, fígado e estômago.
No relatório a IMO alerta que «o envenenamento secundário (por consumo de frutos do mar) foi mencionado como um factor provável de acontecer em humanos».
Lucy Gilliam, activista da ONG ‘Transport & Environment’, com sede em Bruxelas , afirma que a IMO deve interromper a utilização de ‘purificadores’, até poder responder a questões importantes sobre, de que forma é que as suas descargas podem afectar a saúde humana.
«Os navios não devem utilizar os dispositivos se a IMO não souber quais são as consequências para a saúde humana e para a contaminação da cadeia alimentar», disse citada pelo ‘The Guardian’.
Contudo, a Clean Shipping Alliance, um grupo de lobby para empresas que investiram em tecnologia de limpeza de gases, diz acreditar que foram realizadas pesquisas suficientes para garantir que as descargas dos dispositivos são seguras para os ecossistemas marinhos: «há evidências bem documentadas relativamente à composição da água de limpeza», disse um porta-voz citado pelo ‘The Guardian’.
A IMO deve discutir a regulamentação futura dos dispositivos, numa reunião com inicio nesta segunda-feira.