Sem banhos, cuidados médicos e amarrados em casa dos horrores: Ministério Público acusa sogra e nora de maus-tratos a idosos em lares ilegais

O Ministério Público acusou duas arguidas, sogra e nora, de 62 e 29 anos, que geriam dois lares de idosos ilegais em Palmaz, Oliveira de Azeméis, que estão desde em prisão preventiva desde 15 de março último: segundo o ‘Correio da Manhã’, à dupla são imputadas vários momentos de violência para com os idosos: amarrados às camas ou cadeira de rodas; medicação sem acompanhamento médio e em doses por vezes quatro vezes superior ao permitido; insultos e agressões; abandono sem comida, banho, ou mudança de roupas e fraldas.

Em março, Cátia tinha seis utentes aos seus cuidados e a sogra Maria tinha oito: em dezembro último, segundo indicou o processo, uma idosa de 97 anos, com uma ferida a sangrar, viu ser negado socorro depois de Cátia ter achado que estaria em final de vida, apenas preocupada com o pagamento do neto pelo acolhimento. Não foi facultada água à idosa, que deu entrada no hospital duas vezes com sinais de desidratação – viria a morrer a 9 de março deste ano. Três dias depois, outro idoso com infeção e insuficiência respiratória, infeção do trato urinário e hipotermia viria a morrer. A mais jovem das acusadas teve uma idosa ao seu cuidado que durante cinco meses não lhe deu qualquer banho: foi acusada de 11 crimes de maus-tratos.

A sogra Maria tinha uma atitude violenta para com os idosos: um, com problemas de locomoção, foi agredido com murros, pontapés nas pernas e golpes na cabeça. Foi forçado a dormir, comer e a passar o dia no interior de uma garagem, que funcionava como oficina automóvel. Responde por 10 crimes de maus-tratos.

As autoridades já tinham conhecimento da dupla: durante pelo menos desde 2016 até março, Maria dedicou-se ao acolhimento de idosos a tempo inteiro, pelo qual cobrava entre 600 e 800 euros, num lar ilegal, que a Segurança Social determinou o encerramento urgente do espaço, sem qualquer condições. No entanto, sempre que era alvo de uma fiscalização, Maria voltava a abrir o negócio: entre 2019 e 2022 foi alvo de cinco ações e chegou a ser condenada por uma multa de 810 euros por desobediência em 2023.

A 19 de janeiro de 2023, uma inspeção da Segurança Social encontrou um idoso de 82 anos em estado cadavérico no interior de um quarto do lar de Palmaz: Maria indicou falsamente que já tinha chamado o INEM e a polícia. A base de dados do sistema integrado de informações operacionais policiais da GNR desmascarou-a. Não havia registo de qualquer chamada.