PRIO: A transição energética é um esforço conjunto
A sustentabilidade é parte integrante do core de negócio e isso reflecte-se não apenas no produto final, mas em todo a cadeia de valor. Em entrevista à Executive Digest, Mariana Nicolau, Gestora de Projectos de Sustentabilidade, explica os principais desafios e oportunidades da empresa para a liderança da transição energética acessível.
Quais são os principais compromissos da PRIO para reduzir a pegada de carbono no setor energético?
A PRIO está firmemente comprometida em liderar a transição energética acessível. Acreditamos que a descarbonização é um desafio colectivo e que a aposta em diferentes soluções energéticas será essencial para tal. É por essa razão que apostamos na produção de biocombustíveis a partir de matérias-primas residuais como um dos pilares da nossa estratégia, continuamos a colocar no mercado produtos diferenciados, como o Zero Diesel, 100% de origem renovável, e o ECO Diesel, com 15% de energia renovável, e é também por isso que continuamos a apostar em expandir a nossa rede de postos de carregamentos eléctricos, sendo que fomos pioneiros na mobilidade eléctrica no país. A PRIO tem a sorte de ser uma “jovem” num sector algo tradicional. Quando surgimos, há 18 anos, a sustentabilidade ambiental já era ponto de relevo neste sector e é por isso que desde a primeira hora assumimos que o nosso sucesso dependeria da capacidade de entregar às pessoas diferentes soluções, cada vez mais ecológicas. É isso que temos feito.
Quais são os principais desafios que a PRIO enfrenta na transição para um modelo de negócio mais sustentável e na redução da pegada de carbono?
Um dos maiores desafios que a PRIO enfrenta é a necessidade de criarmos soluções que permitam equilibrar a sustentabilidade ambiental com a viabilidade económica. A descarbonização é essencial para todos, e os sectores da mobilidade e transporte têm um papel relevante na pegada carbónica. O desafio está em conseguir essa descarbonização sem sacrificar a competitividade económica. Mas atenção: olhamos para a transição energética mais do que um desafio, uma oportunidade única, que não podemos desperdiçar e com os incentivos certos Portugal tem todas as condições para liderar com geração de emprego e investimento na produção de soluções líquidas verdes. Sabemos que os clientes de hoje são mais exigentes e conscientes das questões ambientais. Ao mesmo tempo, procuram soluções que sejam simultaneamente económicas e mais ecológicas. E é exatamente esse o nosso foco em todos os produtos que desenvolvemos e colocamos no mercado.
Como é que a PRIO está a integrar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU nas suas operações, especialmente em relação à redução de emissões de carbono?
A PRIO está perfeitamente alinhada com os ODS da ONU, nomeadamente em relação aos temas da energia renovável (ODS 7) e combater as alterações climáticas (ODS 13). A sustentabilidade é parte integrante do nosso core de negócio e isso reflecte-se não apenas no produto final, mas em todo a nossa cadeia de valor. O nosso complexo PRIO Novas Energias, no Porto de Aveiro, tem sido palco de investimentos e contínuas melhorias ao longo dos anos. É um trabalho de inovação (ODS 9) que fazemos consistentemente e que se reflecte também na nossa aposta crescente na economia circular (ODS 12).Todos os anos temos diminuído os nossos níveis de desperdício de água durante a produção (ODS 6), ao mesmo tempo que apostamos cada vez mais em energias renováveis (ODS 7), como é o caso da solar, além do facto de entregarmos produtos onde cada vez mais transformamos diferentes matérias-primas residuais em fontes de energia e combustível mais ecológicas, mantendo a preocupação do crescimento e viabilidade económica (ODS 8).
A PRIO tem sido uma referência na produção de biocombustíveis. Quais são os desafios e benefícios na promoção do uso de biocombustíveis em larga escala em Portugal?
Os biocombustíveis apresentam inúmeros benefícios ambientais, contribuindo para a descarbonização sem a necessidade de alterar as infraestruturas ou os veículos existentes e, como é notório nos nossos produtos-chave, como é o caso do ECO Diesel, que além de ser mais ecológico, é um diesel mais limpo e com melhor performance. Contudo, é importante ter em conta que a transição energética não se faz de um dia para o outro. Este é um processo complexo que será tão mais eficaz quanto as entidades contribuírem para ele, nomeadamente através de sinergias dentro do sector, e também em incentivos que promovam o uso de combustíveis mais verdes. Do nosso lado, continuamos empenhados em sensibilizar o mercado para os benefícios económicos e ambientais a longo prazo do uso de biocombustíveis.
A PRIO está a explorar outras fontes de energia renovável? Quais são os projectos em curso?
Sim, além dos biocombustíveis, a PRIO continua o seu trabalho de inovação e investigação com vista a expandir o seu portefólio de soluções de energia renovável, nomeadamente em biometano, hidrogénio verde e combustíveis líquidos mais ecológicos. O nosso papel no sector dos transportes não se resume ao transporte rodoviário. Contamos também com o ECO Bunkers, um combustível marítimo verde, que promove a descarbonização no sector naval, além de contarmos com projectos-piloto onde exploramos o potencial de novas soluções, que possam vir no futuro a sair do laboratório para poderem integrar uma economia de escala.
Existem planos para investir em novas tecnologias para apoiar a transição energética?
Sim. A PRIO está constantemente a investir em inovação para suportar a transição energética, e estamos também neste momento a investir no aumento da nossa capacidade de produção de biocombustíveis. Para além desta dimensão da capacidade, estamos também a trabalhar e investir na eficiência do próprio processo de produção, explorando novas tecnologias que nos auxiliem a diminuir a nossa Pegada de Carbono e que permitam a introdução de um maior número de resíduos como matéria-prima para o nosso biocombustível.
E quais os objetivos para 2025, sendo que o orçamento de carbono mundial é finito e que caminha para esgotar rapidamente? Em que assenta o vosso compromisso?
O nosso caminho no próximo ano passa também por esta consolidação da PRIO enquanto líder da transição energética acessível. Acreditamos no papel de liderança que queremos assumir na descarbonização dos transportes e da mobilidade em Portugal e é para ele que trabalhamos todos os dias, com o mesmo mindset de sermos cada vez mais eficazes no nosso processo de produção e tendo sempre presente a ideia de que queremos entregar aos nossos clientes o melhor produto possível a um preço competitivo. Internamente, temos também este compromisso, que se reflecte através da construção de um Roteiro de Descarbonização, que nos permite delinear acções e estratégias para que possamos alcançar o net zero.
Como é que em parceria com a PRIO, as empresas podem apostar na sustentabilidade ambiental e redução da pegada de carbono?
Na PRIO temos bem presente que a transição energética é um esforço conjunto. Além das soluções que colocamos no mercado, e de parcerias já estabelecidas – como é o caso do Beato Bus, um projecto com a Carris na zona do Beato, em Lisboa, onde, com o apoio da comunidade escolar, são recolhidos óleos alimentares usados para alimentar o transporte local da Carris -, na PRIO oferecemos uma abordagem completa para ajudar os nossos clientes frota a descarbonizarem as suas operações. As nossas equipas especializadas trabalham em estreita colaboração com as empresas, fornecendo aconselhamento sobre as melhores soluções para cada tipo de frota, seja através de biocombustíveis como o ECO Diesel ou o Zero Diesel, ou através da nossa rede de carregamento para veículos eléctricos. Além disso, facilitamos a gestão de frotas com o nosso Cartão Frota PRIO, uma ferramenta que ajuda a otimizar consumos e a gerir os custos de operação. Não garantimos apenas produto, partilhamos know-how. A percepção que temos do mercado é que cada vez mais empresas estão comprometidas e alinhadas com este objectivo da descarbonização.
» Mariana Nicolau, Gestora de Projectos de Sustentabilidade da Prio
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Redução da pegada ambiental”, publicado na edição de Outubro (n.º 223) da Executive Digest.