Carlos Tavares de saída? Stellantis procura sucessor para gestor português
A Stellantis está à procura de um sucessor do português Carlos Tavares, revelou esta terça-feira a ‘Bloomberg’: o grupo automóvel confirmou a decisão, garantindo que faz parte do planeamento regular de sucessão. De acordo com a publicação, a pressão sobre o CEO está a aumentar devido ao fraco desempenho em mercados que incluem os EUA, a sua maior ‘pool’ de lucros.
O chairman John Elkann – e também CEO da Exor NV, o maior acionista da Stellantis – não tem planos para uma mudança imediata de liderança e Tavares será incluído no processo de procura, segundo fontes da publicação: ainda assim, o presidente está cada vez mais insatisfeito com a situação na América do Norte, onde as vendas têm vindo a abrandar e vários executivos abandonaram a empresa.
Carlos Tavares, de 66 anos, seguiu um caminho rigoroso de redução de custos, enquanto a Stellantis enfrenta o enfraquecimento da procura de carros elétricos (EV) e a intensificação da concorrência dos fabricantes chineses. No caso americano, o fabricante da Jeep e da Chrysler está a debater-se com elevados níveis de inventários, problemas de qualidade e uma quota de mercado em declínio.
É “normal” que o conselho comece a analisar o planeamento da sucessão dada a importância do cargo de CEO, “sem que isso tenha impacto nas discussões futuras”, uma vez que existe a possibilidade de Carlos Tavares se manter no cargo por mais tempo, destacou um porta-voz da Stellantis.
No início deste mês, os líderes da rede de concessionários Stellantis nos EUA criticaram Tavares por presidir a uma “degradação rápida” das marcas do fabricante, que também incluem Ram e Dodge, instando-o a gastar mais dinheiro para limpar o stock antigo dos seus lotes.
“Resolver os problemas da Stellantis é uma grande prioridae até ao final deste ano”, apontou a diretora financeira Natalie Knight esta segunda-feira, acrescentando que a empresa está a trabalhar arduamente para encontrar soluções que satisfaçam todas as partes interessadas, incluindo os concessionários. A Stellantis prometeu recentemente investir mais de 406 milhões de dólares em três locais em Michigan.
Ainda assim, Carlos Tavares tem exigido cortes orçamentais adicionais para proteger a rentabilidade, alimentando preocupações de que o seu esforço agressivo de eficiência possa acabar por pôr em perigo projetos e fluxos de receitas a longo prazo – o CEO tem vindo a cortar postos de trabalho e a reduzir a capacidade nas fábricas americanas depois de a queda das vendas nos EUA ter reduzido os lucros do primeiro semestre quase para metade. Carlos Tavares está a vender mais ativos e já sugeriu a possibilidade de se desfazer de uma ou mais das 14 marcas do grupo para proteger os lucros.
Em julho último, o fabricante automóvel reportou uma queda de 48% no resultado líquido do primeiro semestre. “As perspetivas económicas do setor automóvel exigem que os investimentos sejam revistos com o objetivo de se concentrarem naqueles que representam um contributo máximo para a satisfação do cliente, para o desempenho da empresa sem qualquer compromisso no cumprimento dos regulamentos, em particular do CO2”, concluiu a Stellantis.