Cheias mortais na Europa Central, incêndios florestais em Portugal: “Esta é a nova realidade climática”, alerta UE

Soldados, equipas de emergência e voluntários lutaram esta noite para reforçar as defesas ao redor de Wroclaw, a terceira maior cidade da Polónia, devido a inundações; em Portugal, milhares de bombeiros não dormiram para conter os incêndios florestais: de acordo com a UE, estes acontecimentos são o exemplo do colapso climático em ação.

Caiu, em apenas cinco dias, mais de cinco vezes a precipitação média de todo o mês de setembro em áreas da Áustria, Rep. Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia, que provocaram inundações devastadoras que matarem 22 pessoas em quatro país.

Em Wroclaw, uma cidade com 600 mil habitantes e em que o nível do rio Odra (Oder) não atingirá o pico até amanhã, os moradores e trabalhadores da proteção civil faziam filas para colocar sacos de areia e fortalecer as margens de rios e prédios, ajudados por alguns dos 14 mil soldados enviados para as áreas mais atingidas – ao mesmo tempo, os helicópteros do exército despejaram mais sacos para fortalecer as represas de emergência.

Segundo o ministro das Finanças polaco, Andrzej Domanski, foram reservados mais de 468 milhões de euros para lidar com as consequências das enchentes, que destruíram estradas e pontes, fizeram submergir bairros inteiros e causaram milhares de milhões de euros em prejuízos.

A Áustria triplicou o seu fundo federal para desastres para mil milhões de euros, indicou o chanceler Karl Nehammer, esta quarta-feira, descrevendo os últimos dias como “enormemente desafiadores” e que causaram “grande sofrimento e destruição inimaginável”.

Sete pessoas morreram na Polónia, sete na Roménia, cinco na Áustria e três na Rep. Checa, de acordo com as autoridades, além de várias pessoas desaparecidas, conforme a tempestade ‘Boris’ se move para oeste e começa a ameaçar o norte de Itália.

O serviço nacional de proteção civil da Itália emitiu quase 50 alertas amarelos para hoje, alertando sobre o risco de tempestades, deslizamentos de terra e inundações nas regiões de Emilia-Romagna e Marche, que podem enfrentar dois meses de chuva nos próximos três dias.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajará para Wroclaw esta quinta-feira para se encontrar com os líderes políticos da Polónia, Áustria, República Checa e Eslováquia, informou a Comissão Europeia esta quarta-feira.

Na Hungria, as autoridades abriram uma barragem no noroeste do país para direcionar a água do Rio Lajta para um reservatório de emergência para proteger a cidade de Mosonmagyaróvár e continuaram a reforçar as defesas contra enchentes na capital Budapeste – de acordo com as autoridades, o rio Danúbio deve atingir o pico perto dos 8,5 metros, provavelmente esta sexta-feira ou sábado. “Devido às fortes chuvas e inundações, a situação é crítica em toda a Europa Central”, disse o primeiro-ministro, Viktor Orbán. “De acordo com as últimas previsões, o momento crucial para a Hungria começou esta quarta-feira, então a proteção contra inundações está a todo vapor.”

Em outros lugares, principalmente na República Checa, as águas estavam já a recuar, causando prejuízos estimados em 4 mil milhões de euros.

Em Estrasburgo, o comissário de gestão de crises da UE, Janez Lenarcic, disse que as inundações na Europa Central, combinadas com os incêndios florestais mortais em Portugal, que mataram sete pessoas esta semana, eram uma prova conjunta do colapso climático. “Não se enganem. Esta tragédia não é uma anomalia. Isto está rapidamente a tornar-se a norma para o nosso futuro partilhado”, sustentou aos eurodeputados. “A Europa é o continente que aquece mais rapidamente a nível global e é particularmente vulnerável a eventos climáticos extremos.”

Para Lenarcic, as pessoas só precisam acompanhar as notícias para entender a questão da urgência. “Enfrentamos uma Europa que está simultaneamente inundada e queimada. Esses eventos climáticos extremos… agora são uma ocorrência quase anual”, disse. “A realidade global do colapso climático mudou-se para a vida quotidiana dos europeus.”

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