Novo plano de contingência põe cirurgiões gerais a colmatar falta de obstetras nas cesarianas. Ordem dos Médicos diz que medida é “inaceitável”
A nova medida de contingência que visa combater a escassez de obstetras nos hospitais portugueses já está em vigor e prevê que, em situações de falta de obstetras para realizar cesarianas, possa ser ativado um cirurgião geral para auxiliar o procedimento. Esta decisão tem gerado controvérsia entre os profissionais de saúde, nomeadamente entre cirurgiões e obstetras, com críticas severas por parte de alguns especialistas.
Com o objetivo de mitigar o impacto da escassez de obstetras, o novo plano de contingência dos hospitais introduziu a possibilidade de recorrer a cirurgiões gerais em partos que requeiram cesariana. Esta medida aplica-se nos casos em que não estejam disponíveis os dois obstetras necessários para o procedimento, garantindo assim que o ato cirúrgico não seja adiado.
No entanto, esta solução não agradou ao Colégio de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos (OM). O seu presidente, Jorge Paulino Pereira, expressou ao Expresso o descontentamento da classe, classificando a medida como “inaceitável” e um “grande retrocesso” no sistema de saúde português. Paulino Pereira sublinha que os cirurgiões gerais não possuem treino especializado em cirurgia obstétrica, o que torna a sua inclusão nestes procedimentos inadequada.
Apoio dos cirurgiões já é prática comum, dizem os obstetras
Apesar das críticas vindas dos cirurgiões, o Colégio de Obstetrícia da OM apresenta uma visão diferente. Segundo José Manuel Furtado, presidente deste colégio, o recurso a cirurgiões gerais para apoiar em cesarianas já é uma prática estabelecida em muitos hospitais do país, sobretudo em situações extremas em que o número de obstetras é insuficiente.
O novo plano de contingência foi distribuído aos hospitais e que cabe a cada unidade de saúde assegurar a sua implementação, de modo a evitar o encerramento de blocos de partos por falta de pessoal.
Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), defendeu o plano, argumentando que é uma solução eficaz para garantir a continuidade dos serviços de obstetrícia, e que “vem uniformizar a resposta dos hospitais”, aproveitando os recursos existentes de forma a evitar o encerramento de serviços, como se observou durante todo o verão.