Há 16 anos, um dos maiores bancos de investimento dos EUA caiu e marcou dos maiores episódios da crise financeira mundial

No dia 15 de setembro de 2008, o Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos, entrou com pedido de falência, marcando um dos momentos mais impactantes da Crise Financeira Global.

O colapso do banco, que na época possuía cerca de 25.000 funcionários e ativos avaliados em 639 mil milhões de dólares, tornou-se um símbolo dos excessos que desencadearam a crise do subprime.

Fundado em 1844 pelos irmãos Henry, Emanuel e Mayer Lehman, o banco começou como uma loja de produtos secos em Montgomery, Alabama, antes de se expandir para os mercados de corretagem e commodities, e depois emergiu como uma das maiores instituições financeiras de Wall Street.

O Lehman anunciou o seu primeiro prejuízo em 2008 e, mesmo após tentativas de levantar capital e implementar medidas de reestruturação, não conseguiu sobreviver ao crescente colapso financeiro. As negociações com potenciais compradores, incluindo o Bank of America e o Barclays, falharam, deixando o banco sem alternativas para evitar a falência.

Mas, afinal, o que levou à queda do Lehman Brothers? A principal razão foi a crise dos subprimes, relacionada com a concessão de empréstimos imobiliários a pessoas com pouca capacidade financeira e histórico de crédito problemático. Quando muitos desses devedores deixaram de pagar os seus empréstimos, o mercado de títulos apoiados em hipotecas (CDOs) entrou em colapso, o que gerou instabilidade em todo o sistema financeiro.

Para além disso, a desvalorização dos ativos hipotecários fez com que os investidores se tornassem mais cautelosos, tornando difícil ao Lehman Brothers assegurar o financiamento necessário para continuar com as suas operações.

O banco também tinha uma elevada alavancagem financeira, ou seja, acumulava muitas dívidas em relação ao seu capital, o que o deixou particularmente exposto a qualquer flutuação no mercado.

O colapso do Lehman Brothers, que viu as suas ações caírem 93% em poucos dias, provocou uma crise de confiança no sistema financeiro global e agravou a recessão económica que se seguiu. Hoje, muitos analistas continuam a debater se a falência poderia ter sido evitada com uma intervenção governamental mais robusta, semelhante à que foi aplicada a outras instituições financeiras na altura.

Apesar da tragédia financeira, figuras proeminentes do Lehman, como o ex-CEO Richard Fuld, continuaram as suas carreiras no mundo financeiro, embora com legados manchados pelo colapso da instituição.

A queda do Lehman Brothers não só marcou um ponto de viragem na história económica, como também trouxe à tona questões complexas sobre o funcionamento do sistema financeiro, a aversão ao risco e os perigos da alavancagem excessiva. As suas consequências continuam a ser debatidas até hoje.