Foi há 89 anos que o mítico VW Carocha foi revelado ao público pela primeira vez (em protótipo)

Hoje, 3 de setembro, assinala-se o 89.º aniversário da primeira apresentação pública do protótipo que viria a dar origem a um dos automóveis mais icónicos da história: o Volkswagen Carocha. Este veículo, que se tornaria um símbolo global, começou a tomar forma em janeiro de 1934, quando Ferdinand Porsche resumiu, num memorando, as suas ideias para criar um carro acessível que motorizasse a população alemã. O resultado foi um projeto técnico brilhante que delineou as especificações de um verdadeiro “carro do povo”.

Em junho de 1934, Porsche foi oficialmente encarregado de avançar com o ambicioso projeto. Após meses de desenvolvimento, os primeiros protótipos, designados V3, foram formalmente apresentados numa feira automóvel fevereiro de 1936, já depois de terem sido revelados ao público alemão. Este marco deu início a uma intensa fase de testes, que se estendeu por dois anos e mais de 2,4 milhões de quilómetros, principalmente na região da Floresta Negra, no sudoeste da Alemanha.

No entanto, foi a 3 de setembro de 1935, que o mundo viu pela primeira vez o protótipo do Volkswagen Carocha. Este dia marcou o início de uma era na indústria automóvel, com o veículo a ser revelado como um projeto que prometia revolucionar a mobilidade na Alemanha e, mais tarde, no mundo.

O Volkswagen, que inicialmente foi conhecido como KdF Wagen, em referência à organização nazi KdF (Kraft durch Freude), destacava-se pelo seu motor boxer de quatro cilindros, arrefecido a ar, com 986 cc e 24 cv. No entanto, o seu percurso de produção seria abruptamente interrompido pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, que redirecionou os esforços industriais para o esforço de guerra.

Após o fim do conflito, em 1945, o projeto foi revitalizado sob a administração britânica que controlava a região de Fallersleben, onde a fábrica da Volkswagen estava localizada. Em agosto desse ano, a autoridade militar britânica decidiu retomar a produção do Carocha, com o objetivo de equipar as forças aliadas vencedoras com 20 mil unidades. A produção reiniciou em dezembro de 1945, marcando o renascimento do Carocha.

O Sucesso Global do Carocha

A internacionalização do Carocha começou em 1947, quando os irmãos Pon, da Holanda (atual Países Baixos), fizeram a primeira encomenda internacional de 56 unidades. Este foi o ponto de partida para a exportação do modelo, que rapidamente ganhou popularidade em todo o mundo. No ano seguinte, em 1948, as primeiras unidades chegaram aos Estados Unidos, onde o Carocha se tornaria um fenómeno de vendas.

Em Portugal, o modelo rapidamente ganhou o apelido de “Carocha”, um nome que se tornou parte da identidade do veículo em terras lusas. Em outros países, o nome variava: Käfer na Alemanha, Cocinelle em França, Beetle em Inglaterra, Escarabajo em Espanha, Maggiolino em Itália, Fusca no Brasil e Vocho no México. Na década de 1950, o Carocha já era um carro mundial, exportado para 86 países. Em 1955, a Volkswagen celebrou a produção do milionésimo Carocha, e em menos de uma década, esse número já ultrapassava os seis milhões.

O Legado Duradouro do Carocha

Ao longo das décadas, o Carocha consolidou-se como um dos automóveis mais reconhecidos e amados no mundo. Em 1972, com 15.007.034 unidades produzidas, ultrapassou o recorde do Ford T como o carro mais fabricado de sempre. A produção continuou até 1978 na Alemanha, mas o Carocha continuaria a ser produzido noutros países, nomeadamente no México e no Brasil.

Em Portugal, o Carocha foi montado entre 1964 e 1981, contribuindo para um total de 63 mil exemplares vendidos no país. Globalmente, foram fabricadas 21.529.464 unidades, com a produção a atingir o seu auge entre 1968 e 1973, com 1,2 milhões de unidades por ano.

A despedida oficial do Carocha ocorreu a 30 de julho de 2003, na fábrica de Puebla, no México, onde foi produzido o último exemplar da série especial “Última Edición”. Este último Carocha é agora uma peça de museu na Alemanha, mas o seu legado vive ainda em milhões de veículos que continuam a circular por todo o mundo.

Ao longo de 57 anos de produção, o Volkswagen Carocha tornou-se não apenas num símbolo da indústria automóvel, mas também numa lenda cultural, idolatrado por pessoas de todas as esferas da vida. A sua durabilidade, design simples e apelo universal garantiram-lhe um lugar único na história, que ainda hoje é celebrado e recordado.

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