XXXVII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Nelson Pires, Jaba Recodati
A análise de Nelson Pires, Global Manager da Jaba Recodati
O Barómetro da Executive Digest é, sem dúvida, uma das melhores ferramentas de gestão que qualquer gestor (público e privado) deveria utilizar. Trata-se de uma auscultação aos empresários e gestores das maiores empresas, sobre o status quo do presente e as suas preocupações actuais. Este barómetro confirma a minha percepção que uns dos problemas das organizações é a legislação laboral (não está aqui reflectido), mas também as lideranças. Ora neste barómetro, 67% dos empresários e gestores, entendem como fundamental um “programa de requalificação das PME e capacitação das lideranças”, assim como 63% entendem também como fundamental desenvolver uma mentalidade e cultura de “internacionalização de empresas e marcas nacionais”. Estes temas têm a ver com a liderança, com a estratégia de I&D, de internacionalização (e não apenas de exportação), de aposta no desenvolvimento de marcas fortes assentes no processo de valor (e não apenas no processo produtivo ou no custo de mão-de- -obra barata). Mais ainda quando o nosso mundo está a passar do off-shoring para o near-shoring (e não on-shoring). Assim como estamos a transformar a globalização em blocalização, ou economias de bloco (porque o supply chain acarreta riscos e custos elevados; e a economia passou a ser uma arma política em que a confiança nos países tradicionalmente produtores de baixos preços como a China e a Índia, reduziu-se). Por isso, 51% estimam um crescimento moderado do seu volume de negócios de até 10%, apenas. E digo apenas, pois nos anos de pandemia a contração do crescimento foi enorme. Portanto crescer actualmente é uma consequência e obrigação das organizações. Outro aspecto bastante curioso é o baixo impacto previstos da instabilidade internacional nomeadamente a que existe em França. Só é preocupante para 19% das empresas, talvez o mesmo não se possa dizer, na minha opinião (pois esta questão não foi colocada), é o deficit esperado para 2024, em França e Itália, previsto acima de 5%. Vale a pena avaliar este risco para a Europa. Finalmente o nosso cenário interno: 84% dos empresários gostaram e confiam no programa de 60 medidas apresentado pelo Governo para dinamizar as empresas e a economia portuguesa, sendo consideradas as duas mais relevantes: “a redução do IRC até 15% em 2027” (por 72% dos empresários) e a de “compromisso de pagamento em 30 dias pelas dívidas do estado” (por 42% dos empresários). Ou seja, apesar dos parlamentares não estarem unidos neste programa, parece-me que as empresas estão e valorizam de forma bastante positiva esta intenção do Governo. Para as empresas nacionais mas também na atracção de investimento directo estrangeiro. Espera-se que passe de um simples power point (como muitos acusam), para medidas efectivas e reais que tornem as empresas mais fortes e a economia mais competitiva.
Testemunho publicado na edição de Agosto (nº. 221) da Executive Digest, no âmbito da XXXVII edição do seu Barómetro.