Juan Francisco, o jovem espanhol de 20 anos acusado do homicídio de Mateo, um menino de 11 anos brutalmente esfaqueado em Mocejón, confessou o crime numa primeira declaração após ter sido detido. Durante o seu depoimento, Juan Francisco afirmou que não foi ele o autor do crime, alegando ter vivido o ataque “como se estivesse num videojogo”, segundo informações obtidas pela agência EFE junto a fontes próximas da investigação.
O pai do suspeito, Fernando, assegurou que o seu filho sofre de uma doença mental grave, diagnosticado com 70% de incapacidade, o que poderia implicar que Juan Francisco não estivesse ciente dos seus atos, tornando-o inimputável. Devido a esta condição, Fernando acompanhou o filho durante a detenção para garantir que os seus direitos fundamentais fossem respeitados.
Durante a confissão, Juan Francisco declarou que se sentiu controlado por “outra pessoa” no momento do crime. “Foi o meu outro eu. Vi como me roubava a cara. Tinha o meu rosto e o meu corpo e esfaqueou o menino, mas eu não fui”, afirmou o jovem.
Após esfaquear mortalmente Mateo, Juan Francisco dirigiu-se calmamente à casa da sua avó, enquanto várias câmaras de segurança capturavam os seus movimentos. Posteriormente, indicou à polícia o local onde o “assassino” se teria livrado da arma do crime, numa valeta próxima ao polidesportivo local.
Operação de busca e apreensão
Após a confissão, várias unidades da Guardia Civil foram mobilizadas para rastrear o canal de irrigação de Mocejón, onde a arma do crime poderia ter sido descartada. A busca envolveu a utilização de uma máquina com um íman para detetar objetos metálicos, além de agentes que inspecionaram manualmente o canal de água. No entanto, ao cair da noite, a busca foi temporariamente suspensa.
Juan Francisco, conhecido entre os habitantes de Mocejón como um jovem problemático, já tinha sido identificado como um potencial perigo por alguns residentes. “Há dois anos, já avisámos que esse rapaz era conflituoso, víamo-lo nas ruas a caminhar sozinho e tentava arranjar brigas connosco”, relatou um morador de 22 anos ao jornal El Español. No entanto, apesar das advertências dos vizinhos e das autoridades locais, Juan Francisco não foi internado num hospital psiquiátrico, como alguns residentes agora defendem que deveria ter acontecido.
O jovem, que passou as férias de verão na casa dos seus avós em Mocejón, residia habitualmente em Madrid. Após o crime, as autoridades realizaram buscas nas residências do pai e dos avós de Juan Francisco. As investigações sugerem que Mateo não era um alvo específico, mas sim uma vítima escolhida aleatoriamente, num ato de violência aparentemente sem motivo claro.
Reações da comunidade
O choque e a indignação tomaram conta da pequena localidade de Mocejón, com cerca de 5.000 habitantes. Muitos questionam por que Juan Francisco, com um histórico conhecido de distúrbios mentais e comportamentais, não estava sob supervisão adequada. “Esse rapaz deveria ter sido internado num hospital psiquiátrico, porque não o fizeram?” indaga Maria, uma residente local, em declarações ao El Español refletindo o sentimento de revolta entre os habitantes.
A polícia, que trabalhou incansavelmente para solucionar o caso, acabou por deter Juan Francisco com base em imagens de câmaras de segurança e na geolocalização do seu telemóvel. As autoridades revelaram que a detenção do suspeito foi confirmada entre as três e as quatro da tarde da segunda-feira, menos de 30 horas após o assassinato de Mateo.
Mateo, um menino com sonhos de se tornar defesa ou médio no CD Mocejón, foi apunhalado onze vezes por Juan Francisco, que escondia o rosto com um lenço escuro. O ataque, ocorrido no polidesportivo municipal, deixou a comunidade local em estado de choque. Amigos da vítima, que estavam presentes no momento do ataque, forneceram descrições do agressor que, apesar de não serem completamente precisas devido ao trauma, ajudaram a polícia a construir um retrato-robô do suspeito.
A investigação foi marcada por dificuldades, com descrições iniciais do suspeito que não coincidiam com a aparência real de Juan Francisco. Apesar dessas contradições, a polícia conseguiu, através de análises meticulosas de gravações de segurança, identificar e deter o autor do crime.
O CD Mocejón, clube onde Mateo sonhava jogar, está a preparar uma homenagem ao menino, a ser realizada no primeiro jogo da equipa principal da nova temporada. “Mateo ia estrear-se no futebol de onze com a equipa infantil. Faremos um tributo no primeiro jogo da liga”, anunciou um responsável do clube, refletindo o luto e a dor que a perda de Mateo trouxe a toda a comunidade.













