Cinco incêndios extremos deixaram 292 mortos: relatório realça que as emissões mundiais de carbono subiram 16%

O balanço dos incêndios extremos no mundo, entre março de 2023 e fevereiro de 2024, apresentou 3,9 milhões de quilómetros quadrados de área ardida, um valor ligeiramente abaixo da média, sendo que as emissões globais de carbono resultantes das chamas subiram 16% face à média, totalizando 8,6 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), revela esta segunda-feira o jornal ‘Público’.

O relatório “Estado dos Incêndios” foi publicado na revista ‘Earth System Science Data’ e as conclusões são sombrias: “No ano passado, vimos incêndios florestais a matar pessoas, destruir propriedades e infraestruturas, causar retiradas da população em massa, ameaçar meios de subsistência e danificar ecossistemas vitais”, destaca o autor principal da análise, Matthew Jones, do Centro Tyndall para Pesquisa em Mudanças Climáticas da Universidade de East Anglia. “Os incêndios florestais estão a tornar-se mais frequentes e intensos à medida que o clima aquece, e tanto a sociedade como o meio ambiente estão a sofrer as consequências.”

Na América do Norte, em especial no Canadá, a época de incêndios 2023-2024 não tem precedentes: a área ardida foi seis vezes superior à média contabilizada desde 2001 e tiraram a vida a oito combatentes. Na Europa, a dimensão dos fogos foi contida, no entanto, um só incêndio em Evros, no mordeste da Grécia, estabeleceu um novo recorde na União Europeia: arderam 938 quilómetros quadrados de uma só vez (uma área superior à cidade de Nova Iorque). Neste fogo morreram 19 migrantes encurralados pelas chamas.

No Chile, os incêndios mataram 131 pessoas, enquanto no Havai (Estados Unidos) um fogo tirou a vida a mais 100 pessoas. Na Argélia, os incêndios florestais ocorreram com temperaturas de cerca de 50 graus, deixando 34 mortos. Só nestes cinco países, os incêndios provocaram 292 mortes diretas.

O estado do Amazonas, no Brasil, e partes vizinhas da Amazónia ocidental, registaram um número recorde de incêndios: de acordo com o relatório, as atividades humanas aumentaram a extensão dos incêndios do ano passado. “Nesta região, a expansão da agricultura resultou em desarborização generalizada e degradação florestal. Isto deixou as florestas mais vulneráveis ao fogo durante períodos de seca e de condições meteorológicas favoráveis a incêndios, amplificando o efeito das alterações climáticas”, concluíram os investigadores.

“As alterações climáticas tornaram a meteorologia favorável a incêndios extremos em 2023-24 pelo menos três vezes mais provável no Canadá, 20 vezes mais provável na Amazónia e duas vezes mais provável na Grécia”, finalizaram.

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