Ricardo Salgado e o universo Espírito Santo: MP revela que estão 669 crimes e 18 mil milhões de euros em jogo
O Ministério Público (MP) contabilizou em 18 mil milhões de euros, acrescidos de 211 milhões de dólares, a vantagem obtida nos 669 crimes imputados a dezenas de pessoas ligadas ao universo Espírito Santo, com destaque para o ex-banqueiro Ricardo Salgado, avança o ‘Público’. O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) enfrenta 119 acusações, incluindo dois crimes de associação criminosa, num processo que envolve também um antigo gestor do BES, acusado de falsificação de documentos.
Essas acusações resultam de uma longa investigação conduzida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) desde a queda do Grupo Espírito Santo em agosto de 2014. A primeira acusação do caso, referente ao processo principal do BES, foi formalizada em julho de 2020 e envolve 25 arguidos, incluindo pessoas e empresas, acusados de crimes como associação criminosa, burla qualificada e branqueamento de capitais. O julgamento, que aborda crimes ocorridos há mais de uma década, está previsto para iniciar em outubro.
Em 2021, Ricardo Salgado foi acusado de corrupção internacional relacionada com o Banco do Brasil, e em 2022 surgiram novas acusações, incluindo o caso do BES Angola, onde cinco arguidos foram encaminhados para julgamento. Este processo envolve a concessão de financiamento do BES ao BES Angola, resultando numa exposição de 4.783 milhões de euros. Outro processo apura a responsabilidade no aumento de capital do BES em 2014, poucos meses antes do colapso do grupo, enumera a mesma fonte.
Ao longo dos últimos anos, foram feitas várias outras acusações, incluindo uma que envolve altos funcionários da petrolífera venezuelana PDVSA, onde foram imputados 253 crimes a sete pessoas, incluindo Ricardo Salgado. A acusação mais recente, de dezembro de 2023, aponta para fraude fiscal qualificada, causando um prejuízo estimado de 5,5 milhões de euros aos cofres do Estado português, relacionada com rendimentos ocultados entre 2008 e 2014.