Covid-19: Já são 400 novos casos e 11 mortos todos os dias. Especialista pede que se avalie “necessidades e desvantagens” de ir a eventos com muitas pessoas

Os mais recentes dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a Covid-19 em Portugal apontam que, desde 1 de junho, contaram-se 13 532 casos confirmados e 400 óbitos, indiciando um aumento da circulação do vírus. Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) relata à Executive Digest que já estaremos a caminhar para um pico de infeções deste verão, e apela a que a população, especialmente a mais vulnerável, avalie se deve ou não evitar determinados eventos de massa com grandes aglomerados de pessoas.

Segundo o relatório da DGS, desde 1 de julho e atá à última sexta-feira contabilizam-se 4394 casos de Covid-19 e 124 mortes, ou seja uma média diária de 399 novos casos reportados e 11 mortos, nos últimos 15 dias. Contas feitas, num mês e meio a Covid-19 foi responsável pela morte de 400 pessoas.

“Aquilo que nós estamos agora a ver e temos vindo a observar nas ultimas semanas é um conjunto de várias coisas: por um lado temos as variantes Kp.1, Kp.2 e Kp.3 a dar entrada no nosso País e a tornarem-se dominantes, associado depois a um conjunto imenso de eventos, desde concertos e festivais de música, acompanhamento de jogos do Euro em espaços fechados, com muita gente, festas populares, etc”, explica Tato Borges em entrevista, apontando as possíveis causas para este aumento de casos.

Estes eventos “movimentaram muita gente ao longo do País e fizeram com que houvesse muito ‘intercâmbio’, muita troca e disseminação da doença”.

“Associado a isso não podemos esquecer que estamos há mais de 6 meses sem uma renovação vacinal, o que faz com que a baixa cobertura vacinal, que já de si que não foi a ideal na anterior campanha, neste momento esteja com uma diminuição considerável dos anticorpos que protegem a população vulnerável, pelo que há uma situação ‘interessante’ para um aumento do número de casos detetados, e acima de tudo um aumento da mortalidade”, lamenta o presidente da ANMSP.

Sobre se já passámos o pico ou estamos a vivê-lo agora, Tato Borges admite que é “difícil de dizer se já o passamos ou estamos perto dele”, mas que o aumento de número de casos indicia que estamos de facto numa fase de pico da doença, recordando que os números da DGS indicam apenas os casos reportados, pelo que a realidade atual será de milhares de casos diários.

“E caso ainda não termos chegado ao pico, teremos de continuar a ter cuidados e, mesmo depois de passarmos o pico, e até isto se tornar outra vez uma situação de doença não detetável, é importante manter cuidados. Já percebemos que o coronavírus e o SARS-Cov-2 não tem uma variação sazonal, e por isso é um vírus que vai acompanhar-nos os ano todo. E se não tivermos cuidados, vamos voltar a ter picos regularmente”, alerta o especialista.

Assim, Tato Borges recomenda, a nível individual, “o uso de máscara, a desinfeção das mãos e superfícies, manter distanciamento físico, especialmente quando estamos com sintomas ou se somos pessoas vulneráveis”. “Sabemos que estamos numa altura em que há um crescendo do aumento de casos, então aí diria que faz todo o sentido manter isto, tem de ser um hábito, tem de ser normal”, continua.

Por outro lado, o médico considera absolutamente necessário
“o o reforçar da vacinação” de forma a chegar à próxima época vacinal e termos “uma adesão enorme”. “Não obtivemos este ano e precisamos de ter mais pessoas vacinadas, com a vacina atualizada, que é essa a expectativa”.

Tato Borges deixa ainda um apelo a grupos vulneráveis ou a quem tenha contactos com estes: “É necessário de facto ir avaliando o risco e a necessidade, ou a vantagem e desvantagem, ou a mais-valia, de poder estar em determinado evento de massa ou não. Se eu de facto sou uma pessoa vulnerável, ou estou em contacto com pessoas vulneráveis, e tenho um evento de massa que consigo evitar, então se calhar mais vale não ir, perante o risco de circulação do vírus”, aconselha.

“Quando estivermos numa situação mais regular, já poderemos fazer uma vida mais tranquila”, manifesta Tato Borges, explicando que é imperativo que “cuidados, avaliação, respeito pela doença e pelas pessoas que podem sofrer por eu lhes transmitir a doença, seja algo que deve estar bem marcado na nossa cabeça” nos próximos tempos.

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