Concentração de gases CO2 deverá atingir novo máximo devido aos incêndios na Austrália

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera deve ultrapassar as 417 partes de milhão (ppm), já em Maio de 2020, enquanto que a média do ano deve rondar as 414 ppm, registando uma subida de quase 3 pp face ao ano passado, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Met Office Hardley Center e avançada pela Reuters.

O Homem é o principal responsável pelo aumento a longo prazo das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, que é a principal causa das alterações climáticas. No entanto, adicionalmente, os padrões climáticos relacionados com as alterações de temperatura do Oceano Pacífico afectam a absorção de CO2 pelos ecossistemas terrestres.

Nos anos em que se verifica um clima tropical mais quente, muitas regiões tornam-se cada vez mais quentes e secas, limitando a capacidade de crescimento e absorção de CO2 das plantas e aumentando consequentemente o risco de incêndios florestais, que libertam mais emissões.

Em conjunto com outros padrões e mudanças climáticas induzidas pelo Homem, acabam por contribuir para o clima quente e seco verificado na Austrália, que foi crucial para impulsionar a gravidade dos incêndios florestais, segundo o Met Office.

Uma temporada extraordinariamente longa de incêndios florestais atingiu uma área com um terço do tamanho de países como a Alemanha e a Austrália.

O impacto das alterações climáticas nos ecossistemas deve contribuir para o aumento da concentração de CO2 em 10%, em 2020, as emissões vindas dos incêndios florestais contribuem até um quinto desse aumento.

«Embora os níveis anuais de CO2 tenham tendência a aumentar desde 1958, impulsionados pela queima de combustíveis fósseis, a taxa de aumento não é perfeita, uma vez que existem flutuações nos escoadouros de carbono do ecossistema, especialmente em florestas tropicais», refere Richard Betts, do Met Office, citado pela Reuters.