O futuro da IA não depende de mais dados, mas sim dos dados certos

Por Tiago Esteves, Principal Solution Engineer da Salesforce

A inteligência artificial (IA) promete transformar todos os aspetos das operações das empresas, mas muitas não têm uma visão clara sobre como passar de projetos piloto à exploração e realização total dos benefícios associados. No mundo digital de hoje, as empresas enfrentam ilhas de dados espalhadas por vários sistemas, levando a que muitas equipas não confiem nos dados usados ​​para treinar sistemas de IA e a que tenham dificuldades para extrair os insights que necessitam.

De acordo com o Connectivity Benchmark, relatório anual da Mulesoft, apenas 28% das aplicações utilizadas pelas empresas estão conectadas, e mais de 80% dos líderes empresariais têm dificuldade em lidar com dados fragmentados e com silos de dados.

Já segundo o Your Data, Your AI da Salesforce, três quartos dos colaboradores de empresas inquiridas acreditam que ter dados precisos, completos e seguros é crítico para a construção de uma IA de confiança. Na verdade, mais de metade dos utilizadores de IA a nível global não confia nos dados utilizados para treinar os sistemas atuais e quase 60% indica que têm dificuldade em retirar aquilo que precisam dos sistemas que utilizam.

O futuro da IA ​​empresarial não envolve necessariamente mais dados – trata-se de utilizar os dados certos. Quando a IA se baseia nos dados da própria empresa fornece resultados de maior valor e, em última análise, gera maior confiança e adoção.

As empresas só vão conseguir acionar os benefícios da tecnologia quando consolidarem os seus dados. Uma base de dados confiável e a integração destas novas capacidades​​ em todos os fluxos de trabalho são ingredientes essenciais para o sucesso da inteligência artificial.

Ao desenvolver estas duas estratégias em conjunto – unificação e harmonização das fontes de dados e integração de IA em todos os fluxos de trabalho – as empresas podem desbloquear oportunidades significativas de crescimento, assim como gerar resultados mensuráveis ​​de automação, de personalização e de otimização do desempenho individual e colectivo. Tudo se conjugará para a obtenção de uma maior produtividade das forças de vendas, de processos mais rápidos e satisfatórios no atendimento ao cliente e de campanhas de marketing com maior precisão e conversão.

Construir uma base de confiança com os dados

Para que a IA esteja à altura das nossas expectativas, os grandes modelos de linguagem (LLMs) devem ser baseados em dados corporativos de confiança. No entanto, com os dados presos em silos desconectados a transformação digital generalizada, e o verdeiro valor acrescentando, ficam presos na ilusão. As perspetivas são piores quando os dados usados ​​para alimentar estes mesmos modelos estão incompletos ou são incorretos e irrelevantes – levando a resultados inconsistentes.

Desbloquear o poder dos dados permite melhores análises e tomadas de decisão, assim como uma verdadeira automação de IA, baseada em dados e metadados  — uma linguagem comum que integra todas as aplicações empresariais — para possibilitar a entrega de resultados de confiança, sem a necessidade dispendiosa de treinar modelos.

Olhemos, por exemplo, para dados em tempo real sempre que um potencial cliente visita o site da empresa. Anteriormente, as equipas não teriam como aceder a essa informação sem extrair manualmente um relatório. O acesso, em tempo real, oferece uma visão e informação acionáveis, permitindo o envolvimento imediato com o potencial cliente, resultando consequentemente em taxas de conversão mais elevadas, crescimento da receita das empresas e satisfação do cliente final.

A confiança é a componente-chave para implementações de IA bem-sucedidas a nível empresarial. Ao unificar e harmonizar os seus dados, as empresas podem garantir que os modelos de IA funcionam com informações mais precisas e significativas.

Com dados específicos dos clientes, as equipas podem gerar respostas úteis, com total confiança nos dados e metadados que as sustentam. Desde a criação de campanhas para clientes até apoio ao cliente, tudo é personalizado, com base em dados consolidados, de forma segura, dentro dos limites das empresas, dos seus processos de negócios e dos seus dados.

Embora a IA generativa ainda esteja numa fase inicial para a maioria das organizações, o potencial para uma verdadeira transformação é imenso. Aqueles que conseguirem estabelecer uma base de dados e confiança, inserindo capacidades de  IA no fluxo normal de trabalho, serão capazes de passar das fases de piloto para produção e posicionar-se para uma geração de valor sustentada, com base na fidelização dos clientes e na satisfação das equipas.

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