Delta Cafés: Modelo de inovação

O ecossistema de startups nacional tem tido uma evolução exponencial nos últimos anos. Em entrevista à Executive Digest, Pedro Sá, director da Delta Ventures, explica como a empresa desafia empreendedores nacionais e internacionais a contribuir com ideias para o seu modelo de negócio A Delta surge de uma mentalidade empreendedora. O fundador, Rui Nabeiro, é um exemplo claro de um empreendedor que com a sua visão, humildade e resiliência, construiu uma empresa líder em Portugal, não só em termos de volume de negócios, mas também em inovação e sustentabilidade. «Acreditamos que com a manutenção desta cultura de empreendedorismo, iremos honrar este legado e, acima de tudo, continuar a elevar a Delta a novos patamares», diz Pedro Sá.

O empreendedor procura tipicamente identificar oportunidades de negócio, resolver problemas ou dores que existam nos mercados. É alguém que cria a partir do desconforto, e por esse motivo é essencial para a mudança e a inovação. «A inovação faz parte intrínseca da cultura da Delta, e nesse sentido promovemos quer internamente, quer externamente, uma exposição ao empreendorismo. Internamente, organizamos anualmente o MIND – Modelo de Inovação da Delta, em que equipas multidisciplinares de colaboradores da Delta se organizam à volta do desenvolvimento de ideias de negócio, e interpretam o papel de fundadores de uma startup. Todas estas ideias também são originadas através dos nossos colaboradores, o que torna todo este processo muito inclusivo e com grande envolvimento e compromisso», acrescenta o director da Delta Ventures.

Nesse sentido, o programa Disruption vem dinamizar a exposição da organização ao empreendorismo externo. «Acreditamos que apesar de todos os estímulos internos à inovação, existe um conjunto de produtos, serviços e inclusive de mindsets que são completamente externos à nossa organização, mas que podem ser aproveitados e ajudar a construir valor. Ter um programa como o Disruption obriga-nos a olhar para novas categorias de produtos, novos serviços, novas formas de olhar para as necessidades dos clientes. Após três edições deste programa, o balanço é clara mente positivo. Tivemos mais de 200 candidaturas na última edição, com origem em 33 países – o que demonstra o alcance e prestígio do nosso programa. E temos já mais de 10 startups aceleradas ou em aceleração. Adicionaria também uma nota, de que existe uma real espírito, da organização, de querer ajudar empreendedores a vencer. Um real “give back” à sociedade, naquilo que foi uma forma de estar, desde sempre do GN», sublinha Pedro Sá.

No universo de startups com as quais se relacionam, o responsável destaca as startups em que já têm investimento directo: a Nãm, uma empresa que produz cogumelos orgânicos usando um processo de economia circular. O processo reaproveita as borras de café, que integram o substrato utilizado na produção dos cogumelos. Estes são posteriormente vendidos a clientes de hotelaria e restauração, que desta forma também fazem parte do ciclo de economia circular. A Why Not, que ousou inovar e desbravar uma nova categoria – “craft sodas”: um refrigerante original com muito menos açúcar, produzido localmente e apenas com ingredientes biológicos, apto para veganos e sem glúten. Fruto de uma parceria já existente com a empresa Zonesoft, apoiam a criação da startup +Horeca, uma empresa de serviços que vai de encontro às necessidades tecnológicas e de digitalização dos clientes Horeca, seja através de soluções de software, seja ao nível dos equipamentos necessários a um funcionamento eficiente das actividades de restauração. E finalmente a Swee, uma startup que produz e comercializa gelados vegan, com menos 90% de açúcares, mas que consegue oferecer uma experiência indulgente. Ou seja, resumidamente conseguiram um prazer sem culpa. É também neste domínio de food-tech que a Delta está interessada em continuar a investir. O futuro também parece promissor na relação com outras startups com quem estão a iniciar uma parceria.

«As startups respondem, assim como as grandes empresas, a necessidades do mercado. A diferença é que as startups muitas vezes conseguem identificar essas necessidades de forma muito mais rápida, e também conseguem testar inovações de um modo ágil e sem grandes custos. Daí estarmos a observar o elevado número de startups com preocupações de sustentabilidade e de alimentação saudável, para além das habituais startups tecnológicas. Estão a traduzir em negócios aquilo que as novas gerações estão a exigir às empresas», diz Pedro Sá.

ECOSSISTEMA

O princípio da verdade e da transparência é agora a base para a construção de uma relação de confiança com os clientes, especial mente nas gerações mais recentes. Em termos de sustentabilidade, nas suas várias vertentes – ambiental, social, empresarial e económica – as pessoas estão cada vez mais atentas aos impactos das suas acções e das empresas. O que tem também um forte impacto em termos da oferta ao nível da alimentação – pois cada vez mais as pessoas se preocupam com os ingredientes, as tabelas nutricionais, a pegada de carbono, e em geral em práticas dietéticas mais saudáveis e sustentáveis. «Em 2024 prevemos completar seis a 10 pilotos com startups que já estamos a acompanhar, algumas desde o ano passado. Em virtude do resultado desses pilotos, poderá haver oportunidade para fazer alguns investimentos adicionais», destaca o director da Delta Ventures.

Sobre o empreendedorismo português, Pedro Sá considera: «O ecossistema de startups nacional tem tido uma evolução exponencial nos últimos anos. Os empreendedores têm agora uma enorme rede que, mais do que nunca, apoia e estimula os projectos. Desde empresas como a Delta com os seus diversos programas de aceleração, às Venture Capital puras com os seus programas de investimento, passando pelas universidades, gestoras de talento e incubadoras. Tudo isto suportado por diversos programas de incentivo nacionais e europeus. Portugal e as suas principais cidades têm sabido aproveitar os seus melhores recursos para atrair empreendedores de todo o mundo, o que acaba por fomentar também o empreendorismo português», conclui Pedro Sá.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empreendedorismo e apoio a startups”, publicado na edição de Maio (n.º 218) da Executive Digest.

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