“O défice demográfico é o défice mais grave que o país enfrenta”, admite o Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Gonçalo Saraiva Matias, Presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), defende a importância dos fluxos migratórios para resolver o défice demográfico que o nosso país enfrenta.

Portugal tem perdido na última década muita população o que, associado ao envelhecimento, significa que, de acordo com as projeções da FFMS, o país pode perder, até 2050, 20% da sua população, fixando-se entre os 7,5 e 8 milhões de pessoas.

“Isto revela a total insustentabilidade do nosso Estado social, do funcionamento do nosso sistema de Segurança Social e também do funcionamento do nosso Estado”, afirmou Gonçalo Saraiva Matias durante a sua intervenção na XXVI Conferência Executive Digest.

O Presidente da FFMS sublinhou que “não é possível ter fronteiras abertas porque os países têm de regular a sua fronteira migratória, nem fronteiras fechadas porque, neste caso, o país morre. A única solução a curto/médio prazo para combater o défice demográfico é a emigração”. No entanto, isto chega para compensar, mas o problema não fica resolvido.

“Se chegarmos à conclusão de que vamos precisar de pessoas e que a única forma de compensar este défice demográfico é através da emigração, então temos de enfrentar essa realidade e ter uma política migratória. Portugal não tem”, afirmou Gonçalo Saraiva Matias, acrescentando que “a nossa política de fronteiras tem sido entregue ao longo dos últimos anos a redes de tráfico, porque não há uma política migratória ativa, que tem duas partes, a parte da admissão e da integração”.

Em relação à admissão, é preciso saber que perfil de pessoas precisamos, em que momento vêm e em que condições vêm. “Esta decisão tem de ser feita pelo Estado, pelas políticas públicas, não pode ser transferida nem para os próprios nem para redes de tráfico”, sublinha. Isto implica perceber as necessidades que cada setor da economia tem e que perfil procuram.

No que respeita à integração é necessário perceber os perfis de pessoas que estamos a atrair, quais são as suas necessidades, e preparar o país para isso. “Portugal tem um histórico muito positivo de integração, mas é um histórico muito fácil, porque 30% do stock de emigração é brasileira”, algo que tem de diversificar e criar desafios.

“O défice demográfico é o défice mais grave que o país enfrenta, que tem de ser combatido e elegido como uma prioridade nacional”, o que implica um esforço coletivo e de políticas públicas, que devem olhar para os fluxos migratórios de uma forma integrada.

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