Crise habitacional em Hong Kong coloca população a viver em ‘jaulas’ com 14 metros quadrados

Hong Kong, um ícone global de modernidade e prosperidade, enfrenta uma crise habitacional sem precedentes que ameaça o bem-estar e a estabilidade dos seus residentes. De acordo com um relatório recente da revista The Economist, embora Hong Kong tenha descido para o quinto lugar na lista das cidades mais caras do mundo para viver, o seu mercado imobiliário continua a ser o mais desequilibrado globalmente, mantendo-se nesta posição por 13 anos consecutivos.

O preço médio de uma habitação em Hong Kong atinge a impressionante marca de 1,2 milhões de dólares. Por outro lado, o salário médio anual da cidade ronda os 56.000 dólares, valores que se assemelham aos de países europeus como a Finlândia ou a Alemanha. No entanto, a discrepância entre os rendimentos e os custos habitacionais é chocante: adquirir uma casa requer um investimento que é 18,8 vezes o salário médio anual. Este cenário é exacerbado pelo facto de todo o território em Hong Kong ser propriedade do governo municipal.

Esta crise habitacional levou a uma situação preocupante: a emergência de “casas jaula”. Estas “prisões” residenciais, muitas vezes com apenas 14 metros quadrados, tornaram-se o único refúgio para muitos residentes que não conseguem suportar os preços astronómicos das habitações convencionais. Nestes espaços exíguos, famílias inteiras são forçadas a viver em condições de superlotação, sem privacidade ou conforto básico.

O governo de Hong Kong, noticia o El Confidencial, apesar de estar ciente desta crise, parece estar numa encruzilhada, com as medidas implementadas até à data a mostrarem-se insuficientes para resolver o problema. Enquanto isso, o mercado imobiliário continua a ser um terreno fértil para investidores que visam maximizar os seus lucros, muitas vezes à custa do bem-estar e dignidade da população local.

Esta crise habitacional e o fenómeno das “casas jaula” em Hong Kong são um alerta global sobre os perigos de um mercado imobiliário desregulado e a necessidade urgente de políticas públicas robustas que priorizem o acesso a habitação digna para todos. A situação em Hong Kong serve como um exemplo crítico para outras metrópoles globais que enfrentam desafios semelhantes, sublinhando a importância de abordagens sustentáveis e humanas na gestão do crescimento urbano e do mercado imobiliário.