‘Apertar’ a oposição, usar o Orçamento do PS ou negociar medida a medida: O plano de Montenegro para governar pelo menos dois anos

Após conhecidos os resultados provisórios das eleições legislativas de domingo (falta apurar o voto da emigração), adivinham-se contas complicadas para um eventual Governo do PSD/CDS, liderado por Luís Montenegro, mas o líder social-democrata tem um plano para governar os destinos do País pelos mares da instabilidade política, pelo menos até 2026.

Os exemplos do passado, de governos com maioria relativa, em especial de Cavaco Silva estão a ser vistos dentro do círculo de Montenegro como exemplo a seguir, mas o partido vai colocar no Chega o ónus da responsabilidade de não deixar a coligação governar, ou caso bloqueie medidas propostas por Montenegro, avançam fontes internas partidárias ao Diário de Notícias.

Aliás, para também acautelar a aprovação socialista (ou pelo menos abstenção), Montenegro está a estudar o Orçamento do Estado do PS, que atualmente vigora, de forma a analisar que margem tem para aplicar o programa eleitoral que apresentou, sem ter necessidade de um Orçamento Retificativo (que poderia acabar chumbado no Parlamento).

Dirigentes sociais-democratas adiantam que há folga para trabalhar, uma vez que o “Orçamento está super empolado”, e ainda há verbas do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para executar, com uma reprogramação do programa pensada, tendo em conta os baixos níveis de execução.

Outra fonte acrescenta: “Desta vez, parece que encontramos os cofres cheios”.

A prova de fogo surgirá em novembro, quando o primeiro orçamento do Governo minoritário de Montenegro for a votação, mas no PSD há confiança que os partidos não irão chumbar o documento, forçando novas eleições.

A nova arquitetura do Parlamento está a ser estudada ao detalhe e, como avançou Montenegro, está aberto ao diálogo com outros líderes partidários, logo à partida com a IL, mas também com o Livre ou PAN. Com o Chega, está afastado qualquer acordo de incidência parlamentar ou de Governo.

Numa primeira fase, Montenegro quer apresentar trabalho e mudança. “Os estados de graça são cada vez mais curtos. As pessoas estão muito ansiosas pela mudança. Se há sinal que foi claro nestas eleições, foi essa vontade de mudança. Essa viragem aconteceu no país todo”, adianta outra fonte ao mesmo jornal.

Por isso, nos primeiros 60 dias de governação, o PSD/CDS quer apresentar logo um plano de emergência para a saúde, começar negociações com os sindicatos das forças de segurança e também com os professores, para ir de encontro às reivindicações que motivaram sucessivas greves nestes setores, nos últimos anos.

Cavaco Silva é uma referência, já que começou a governar em minoria, acabando por abrir caminho para duas maiorias absolutas depois. Serve o guião de governação, com Montenegro a querer emular tática semelhante, esperando que o espírito reformista cunhado logo nos seus primeiros dias de governação, e depois no próximo ano, acabem por faze engrossar os votos da AD, numas eventuais eleições em 2026.