Quartéis “estão em efervescência”: militares ameaçam vir para a rua em protesto se polícias receberem subsídios iguais aos da PJ

Os militares ameaçam vir para a rua em protesto se a polícia for aumentada e a tropa esquecida: o aviso chegou pela Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), revelou esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’, que indicou que os quartéis estão “em efervescência” devido ao “grande fosso em relação às forças de segurança”, durante uma reunião com o chefe da Casa Militar do Presidente da República.

A Associação Nacional de Sargentos alertou ainda para “a sensação de mal-estar pelo tratamento diferenciado a vários níveis” entre militares e forças de segurança. Segundo António Lima Coelho, não estão excluídas ações de rua depois das eleições se a polícia receber subsídios equiparados aos da Polícia Judiciária e os militares não. “Nenhuma ação está posta de parte”, garantiu.

São os militares mais jovens os mais descontentes e mais dispostos a formas de luta com maior visibilidade. “Depois das eleições, vamos ponderar a forma de fazer sentir esse mal-estar, tendo em conta quem tiver de reparar essas matérias”, garantiu Lima Coelho. “Poderá passar pelo que a nossa imaginação e criatividade originar, sejam ações de maior ou menor visibilidade, de maior ou menor dimensão”, referiu, salientando que “não são devidamente tratados os subsídios e suplementos de paraquedistas, submarinistas, mergulhadores, tripulantes de voo e, um caso extremo, dos inativadores de engenhos explosivos, que há 44 anos andam a bater-se por isso”.

Já António Mota, presidente da AOFA, revelou o mesmo propósito: se o fosse entre polícias e militares se “agravar ainda mais, a malta nos quartéis e nas bases está com as garras de fora”.

“O Presidente da República está perfeitamente a par de todas as matérias. E sei que está sensibilizado, embora os resultados sejam nulos”, indicou o presidente da AOFA. “O próprio Presidente está a criar uma caldeirada muito grande, porque tem vindo a público dizer que as polícias têm razão. Mas não temos ouvido o comandante supremo dizer rigorosamente nada sobre as Forças Armadas”, criticou o responsável.

Também o almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, já fez soar o alerta, em dezembro último: “Um sistema político democrático equilibrado tem de conseguir perceber que quem não tem direito a manifestar-se deve ser protegido.” Se não o fizer, “pode causar uma distorção tão grande que poderá ser perigoso para o sistema”.