Putin garante que a invasão de Ucrânia “pode terminar em algumas semanas”

Na polémica entrevista de Vladimir Putin ao ex-apresentador da ‘Fox News’, Tucker Carlson, o presidente russo sublinhou que não se lembra da última vez que falou com o seu homólogo americano, Joe Biden, reconhecendo ter uma “relação pessoal” com o seu antecessor, Donald Trump, e mostrou-se confiante que a invasão da Ucrânia pode terminar dentro de algumas semanas – isto se o Ocidente deixar de ajudar Kiev a defender-se.

A invasão – e a possibilidade de paz na Ucrânia – pode estar perto do fim. “Se querem realmente parar de lutar, precisam de parar de fornecer armas”, frisou Putin. Dessa forma, reconheceu, “isto terminaria dentro de algumas semanas”.

Vladimir Putin avançou ainda que a Rússia e a Ucrânia quase concordaram com um acordo de paz em Istambul logo após o início da guerra, em fevereiro de 2022, mas que foi rejeitado pela Ucrânia a pedido do Ocidente, especificamente de Boris Johnson, então primeiro-ministro britânico.

“Não seria melhor chegar a um acordo com a Rússia? Concordar, entendendo a situação que está hoje, entendendo que a Rússia lutará pelos seus interesses até o fim, e, entendendo isso, realmente voltar ao bom senso, começar a respeitar nosso país, os seus interesses e procurar algumas soluções?”, frisou o presidente russo, garantindo estar “pronto para este diálogo”.

O atentado no gasoduto Nord Stream foi também tema de conversa, com uma troca de argumentos curiosa: Carlson perguntou a Putin quem era o responsável pelo ataque de setembro de 2022; o presidente russo acusou o antigo apresentador da ‘Fox News’ de ter sido ele, ao qual este respondeu que “estava ocupado nesse dia”. Putin brincou, respondendo que embora Carlson tivesse um álibi, a CIA não tinha nenhum, argumentando que apenas os Estados Unidos teriam a capacidade e interesse em explodir o oleoduto.

Putin salientou ainda que o mundo estava a mudar mais rápido do que durante o colapso do Império Romano, responsabilizando os avanços na pesquisa genética e na IA – referiu mesmo que os geneticistas poderiam criar um ‘super-homem’, gracejando mesmo com o facto de Elon Musk ter colocado um chip no cérebro humano.

No entanto, deixou o aviso: a humanidade precisava de pensar sobre o que fazer com os avanços científicos e na IA, sugerindo que os tratados de controlo de armas nucleares da Guerra Fria poderiam ser um guia.

“Quando surgir a compreensão de que o desenvolvimento ilimitado e descontrolado da inteligência artificial, da genética ou de algumas outras tendências modernas não pode ser interrompido, que estas pesquisas continuarão a existir, tal como era impossível esconder a pólvora da humanidade… quando a humanidade sentir uma ameaça para si mesmo, para a humanidade como um todo, então, parece-me, chegará um período para negociar a nível interestatal sobre como iremos regular isto”, disse Putin.