Randstad Insight: A fórmula para 2024
Por Pedro Empis | Executive business director outsourcing da Randstad Portugal
O ano que agora começa vem, como habitualmente, com inúmeras incertezas, e à medida que o desenvolvimento da inteligência artificial se vai descortinando, que o poder da computação quântica começa a ficar cada vez mais claro, em que poucas coisas parecem impossíveis, a fórmula do futuro parece agora ter poucas constantes para um número crescente de variáveis. A previsibilidade está a tornar-se num bem cada vez mais escasso e difícil de calcular. O futuro é assim dos que mais rapidamente decifrarem o código que desvenda, ainda que faseadamente, as incógnitas que teimam em camuflar-se.
Por outro lado, o ritmo actual parece mais frenético do que nunca, os dias sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, com semanas que parecem nem ter começado quando já estão a acabar, tal é a panóplia de temas que as preenchem e a sua crescente complexidade. Quando escrevo estas linhas, já consumimos a primeira de 24 quinzenas disponíveis em 2024. Dando como bom que no mês de Agosto tudo se passa de forma distinta, que na segunda quinzena de Dezembro já poucas decisões são tomadas e que as pontes têm o seu impacto, restam-nos mais 18 quinzenas produtivas como a que agora terminou.
Como último ingrediente para este novo ano, a nossa já bem conhecida escassez de talento, que promete acompanhar-nos em mais um ano em que as empresas tudo farão para atrair e reter os melhores, num ambiente por vezes contraditório, onde a incerteza económica e política poderá moldar algumas decisões.
A crescente procura por produtos e serviços mais convenientes, inovadores e a um preço acessível, que todos queremos enquanto consumidores, faz com que estes factores, de difícil conjugação, sejam absolutamente cruciais. Este é um desafio que evidenciará temas como a imigração, a emigração, a educação, a diversidade e a inclusão na força de trabalho de todo o talento, a ética na utilização das próximas etapas da inteligência artificial, entre tantos outros que obrigarão a discernimento e tomadas de decisão convictas.
A combinação do ritmo vertiginoso em que vivemos com problemas crescentemente complexos e uma já crónica escassez de talento será certamente o que ocupará decisores políticos e empresariais ao longo do ano. Os líderes são os que mais depressa fixam variáveis, numa fórmula que vai precisando de teoremas cada vez mais criativos para apresentar um resultado que se assemelhe com o futuro, mas obtido no presente.
Como escreveu Vergílio Ferreira, «O tempo que passa não passa depressa, o que passa depressa é o tempo que passou». Aproveitemos, por isso, as 18 quinzenas que ainda temos de 2024 para moldarmos o futuro.
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 214 de Janeiro de 2024