Terra prepara-se para ultrapassar cinco pontos críticos climáticos com efeitos catastróficos, garantem cientistas
A Terra está em risco de ultrapassar cinco limiares naturais importantes, denunciou esta quarta-feira o relatório ‘Global Tipping Points’, sendo que mais três poderão ser alcançados na década de 2030 se o mundo aquecer 1,5°C acima das temperaturas pré-industriais – as consequências serão perigosas e abrangentes às pessoas e à natureza que não podem ser desfeitas.
“Os pontos de rutura no sistema terrestre representam ameaças de uma magnitude nunca enfrentada pela humanidade”, referiu Tim Lenton, do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter, no Reino Unido, em declarações ao jornal ‘The Guardian’. “Podem desencadear efeitos dominó devastadores, incluindo a perda de ecossistemas inteiros e da capacidade de cultivo de culturas básicas, com impactos sociais que incluem deslocações em massa, instabilidade política e colapso financeiro.”
Os pontos de rutura em risco são o colapso dos grandes mantos de gelo na Gronelândia e na Antártida Ocidental, o degelo generalizado do permafrost, a morte dos recifes de coral em águas quentes e o colapso de uma corrente atmosféricas no Atlântico Norte. Ao contrário de outras alterações climáticas – ondas de calor e precipitação mais intensas, por exemplo – estes são sistemas que não se alteram lentamente, mas podem mudar de estado radicalmente: quando um sistema climático oscila, por vezes com um choque repentino, pode alterar permanentemente a forma como funciona a Terra.
De acordo com os cientistas, há grandes incertezas sobre quais os sistemas que irão mudar, mas o relatório apontou que mais três poderão juntar-se à lista: os mangais e pradarias de ervas marinhas, que se espera que morram em algumas regiões se as temperaturas subirem entre 1,5ºC e 2ºC, e florestas boreais.
Os cientistas alertaram ainda que os sistemas em risco estão intimamente ligados e não se pode descartar uma ‘cascata de consequências’: Sina Loriani, do Instituto Potsdam para a Investigação do Impacto Climático e coautora do estudo, salientou que os riscos do ponto de inflexão podem ser desastrosos. “Atravessar estes limites pode desencadear mudanças fundamentais e por vezes abruptas que podem determinar irreversivelmente o destino de partes essenciais do nosso sistema terrestre nas próximas centenas ou milhares de anos”, disse.