Tecnologia com o propósito da sustentabilidade
Por Luís Marçal, responsável pela unidade de negócio Energy Automation e um dos responsáveis pela Sustentabilidade na Siemens Portugal
Falar de sustentabilidade sem falar de tecnologia ou de digitalização é como deixar uma conversa a meio. Pois se a primeira é o propósito, o objetivo comum que junta e mobiliza, como nunca visto, pessoas, empresas, governos e sociedades; os segundos são os aceleradores, e estão na base das soluções concretas, utilizáveis e escaláveis de que tanto precisamos para alcançar os nossos objetivos climáticos.
Todos conhecemos o desafio mais difícil que o planeta alguma vez enfrentou coletivamente: limitar o aquecimento global para 1,5° C nas próximas duas décadas, conforme estabelecido no Acordo de Paris. É um daqueles desafios em que ou ganhamos juntos, ou perdemos juntos. Mas convenhamos: perder não é opção. Por isso temos de acelerar, como mostra o mais recente estudo do Boston Consulting Group: se queremos que o planeta se mantenha habitável, a transição energética tem de ser três vezes mais rápida. Mais: as renováveis, que agora representam 12% do fornecimento de energia global, têm de passar a representar 50% a 70% em 2050.
Por isso, mais do que nunca, é importante agir e decidir rapidamente, aumentar a velocidade a que desenvolvemos e implementamos novas tecnologias em áreas-chave, fundamentais a qualquer sociedade, como são as redes elétricas, os edifícios, os transportes ou a indústria, para as quais a Siemens desenvolve tecnologia. Nesse sentido, estamos empenhados em mitigar os efeitos das alterações climáticas através de mudanças sistémicas profundas. E isto começa com a nossa própria transformação, com recurso às nossas tecnologias digitais e de automação, para termos operações net zero até 2030. Só liderando pelo exemplo seremos capazes de alargar as nossas melhores práticas a clientes e parceiros, provando que é possível utilizar recursos de forma eficiente, descarbonizar e cumprir regulamentações governamentais, enquanto defendemos valores éticos e morais fortes e permanecemos rentáveis.
Em Portugal, temos em curso um excelente exemplo desta estratégia. Estamos a implementar, na nossa sede em Alfragide, o projeto Sustainable & Smart Campus. Este inclui, por exemplo, um sistema inteligente de controlo da microrede que integra e otimiza a produção de energia da central fotovoltaica, a ligação à rede, a gestão dos vários edifícios, o sistema de bateria para armazenamento de energia, o sistema de segurança integrado, bem como a infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, que atualmente inclui mais de cerca de 130 carregadores. Este é um passo importante no caminho que traçámos rumo a uma maior sustentabilidade e à diminuição do impacto das nossas operações no ambiente, mas também proporciona um ambiente de trabalho saudável, seguro e inclusivo para os nossos colaboradores e para todos os que nos visitam. É um verdadeiro laboratório vivo que demonstra como a tecnologia pode ser transformadora.
Mas há mais exemplos fora de casa. Atualmente, o nosso foco está em projetos de digitalização e sustentabilidade, assentes em KPIs relacionados com desempenho, menor consumo de recursos, ganhos de eficiência e diminuição da pegada ambiental, entre outros. São exemplo o projeto de gestão e armazenamento de energia que desenvolvemos na ilha Terceira, para a Eletricidade dos Açores; e o centro de controlo de água, energia e emissões, que estamos a implementar para a EPAL.