Randstad Insight: Employer Brand Research 2019
O sector da engenharia ainda pode fazer mais no sentido de incentivar os colaboradores a seguirem uma carreira.
Ajudam a construir pontes, estradas e outros activos críticos nas nossas infra-estruturas. Sem eles, teria havido pouco progresso no software, na cloud ou na IA. E graças aos seus esforços, os dispositivos móveis com que convivemos, os detergentes com que lavamos as nossas roupas e os medicamentos que nos ajudam a sentir melhor estão em constante desenvolvimento. São, obviamente, engenheiros civis, informáticos, electrónicos, químicos, biomédicos e de muitas outras especialidades. Com o aumento da procura das suas competências, atrair talentos de Engenharia exige um salário competitivo, uma boa proposta de valor para os colaboradores e um forte employer brand global, segundo o nosso estudo de 2019.
Não há dúvida de que a Engenharia é uma das áreas mais importantes da actualidade, com quase todos os sectores a confiar nos engenheiros para inovar os seus produtos, garantir qualidade e aumentar a segurança. Mas, e apesar de as competências na especialidade serem muito procuradas, os negócios de Engenharia não são empregadores particularmente atractivos. De facto, o Randstad Employer Brand Research 2019 – um estudo global com mais de 200 mil adultos em idade activa em 32 países – chegou à conclusão que ocupa o quinto lugar em todos os sectores, atrás das TIC, FMCG (bens de consumo rápido), ciências automóveis e ciências da vida. Um dos motivos é que, entre todos os sectores pesquisados, o número de entrevistados que disseram ter a capacidade de trabalhar nesse campo foi o segundo mais baixo, logo acima do sector da energia e utilities.
Os requisitos na formação e a experiência prática de trabalho apresentam dois dos maiores obstáculos para entrar na área da Engenharia; no entanto, mesmo para aqueles que já trabalham como engenheiros, existem desafios iminentes. Por exemplo, de acordo com o Massachusetts Institute of Technology, os profissionais terão de abordar exigências sociais, ambientais e tecnológicas nos próximos anos, para além das necessidades tradicionais.
Nesse sentido, devem liderar esforços para desenvolver uma nova geração de máquinas, materiais e sistemas que satisfaçam os desejos não só do sector como do consumidor. Isto provavelmente colocará ainda mais pressão sobre os empregadores que não procuram apenas conhecimentos técnicos, mas também competências sociais que podem ser aplicadas para resolver os desafios de Engenharia.
De acordo com o engineering. com, a gestão de pessoas é uma das quatro competências fundamentais necessárias para ter sucesso no terreno. A capacidade de colaborar, liderar e debater é importante para os engenheiros acelerarem os seus projectos e transformarem ideias em produtos comerciais. Embora possam liderar esforços para desenvolver a IA e automatizar processos e funções, os engenheiros também devem possuir a inteligência emocional necessária para gerir e inspirar colegas.
Contudo, adquirir essas competências não será fácil. Existem graves lacunas nas competências de Engenharia em todo o mundo. Na UE, os engenheiros mecânicos estão em sétimo lugar entre os cargos mais difíceis de preencher. Os engenheiros electrónicos e civis ocupam o 12.º e o 14.º lugar, respectivamente. O Reino Unido relata que o país enfrenta um défice anual de 20 mil formados em Engenharia. A falta de competências, incluindo cargos de Engenharia por preencher, pode custar 2,25 biliões de euros à economia dos EUA, na próxima década. E a falta de engenheiros qualificados, entre outras competências técnicas, está a impedir as empresas asiáticas de terem capacidade para adoptarem a IA nos negócios, de acordo com um relatório.
Isto significa que a competição por talentos de Engenharia está mais intensa do que nunca, e deve criar-se um employer brand suficientemente forte para colocar um negócio acima da concorrência. Significa também entender o que motiva os colaboradores do sector.
O estudo que desenvolvemos em 2019 revela que, embora a remuneração e salários atractivos, o equilíbrio profissional/ pessoal e a estabilidade profissional sejam as três propostas de valor mais importantes para os profissionais desse campo, também querem trabalhar para empresas financeiramente saudáveis e com uma clara progressão profissional – embora esses factores sejam menos importantes do que no ano anterior. O crescimento profissional foi o segundo factor que se verificou ser mais influente para os colaboradores de Engenharia deixarem um empregador, com 42% a citarem-no. Outro resultado notável foi que as engenheiras têm maior probabilidade de mudar de emprego do que os engenheiros, o que pode ser preocupante para os empregadores que esperam mais diversidade na sua força de trabalho técnica. Saber isso, no entanto, pode ajudá-los a inquirir especificamente engenheiras e colaboradoras sobre os seus desejos mais importantes quando se trata de cargos numa empresa.
No geral, os profissionais do sector da Engenharia estão mais confiantes de que os grandes empregadores na sua área e são capazes de oferecer as propostas de valor desejadas, cumprindo três dos cinco principais benefícios que procuram. Esse índice foi ainda superior à média geral que vimos para todos os sectores analisados.
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 164 de Novembro de 2019