“BCE esforçou-se por evitar surpreender os mercados”, considera o Diretor-Geral da Ebury
A semana passada ficou marcada por mais uma reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) onde, pela primeira vez desde junho de 2022, o organismo liderado por Christine Lagarde decidiu fazer uma pausa no aumento das taxas de juro.
“A reunião do Banco Central Europeu decorreu exatamente de acordo como previsto. O banco central esforçou-se por evitar surpreender os mercados, e parece que o conseguiu, dada a reação moderada da moeda comum”, explicou à Executive Digest o Diretor-Geral da Ebury, David Brito.
O especislista sublinha ainda, no que respeita às divisas, que a escalada da guerra entre Israel e o Hamas, juntamente com o fluxo constante de surpresas positivas da economia dos EUA, levou o dólar a valorizar na semana passada.
“O dólar recuperou face a todas as principais moedas, exceto o iene e algumas moedas latino-americanas. Ainda que a subida do iene esteja suportada pela esperança de que as leituras de inflação elevada obriguem em breve o Banco do Japão a começar a inverter a sua política monetária ultra-flexível”, sublinhou.
Para esta semana, espera-se um cenário animado para os mercados cambiais, com a reunião da Reserva Federal norte-americana (Fed) na quarta-feira, onde não se espera nenhuma mudança de política, e ainda com a publicação do relatório de outubro sobre o mercado de trabalho dos EUA.
“Um potencial fator de mudança no mercado será o relatório trimestral de refinanciamento do Tesouro dos EUA, na quarta-feira, quando os EUA anunciarem a quantidade de dívida de longo prazo que será vendida nos próximos três meses”, acrescentou.
Destaca ainda a publicação do relatório do PIB do terceiro trimestre e o relatório de inflação para outubro da Zona Euro, todos a serem publicados na terça-feira.
A Ebury espera que o PIB do terceiro trimestre da Zona Euro seja exatamente de 0%, evitando uma contração. No que respeita à inflação, espera-se um novo recuo da inflação subjacente, para 4,2%. “Estes números seriam um alívio parcial para o BCE, justificando retroativamente a sua decisão de deixar as taxas inalteradas. Se estas previsões se concretizarem, poderemos assistir a uma modesta recuperação da moeda comum”.