A falta de letras nos números

Por Alexandre Carrera Lejeune, Country Manager da FLOA em Portugal

Vivemos um momento de grande instabilidade financeira e a capacidade de gerir o dinheiro de forma consciente e responsável pode fazer a diferença entre prosperar ou sofrer com os efeitos adversos da crise.

Por isso mesmo, a educação financeira e a educação para o consumo deveriam ser consideradas disciplinas tão importantes como qualquer outra no programa escolar. Faltam letras aos números. É importante ir além das premissas de cortar gastos, poupar e juntar dinheiro e promover o desenvolvimento das capacidades para compreender o funcionamento do sistema financeiro, tomar decisões acertadas relativamente ao dinheiro e planear o futuro financeiro de forma adequada. Fornecer as ferramentas certas e ter controlo sobre as decisões financeiras, permite alcançar uma gestão orçamental mais responsável.

Um dos principais benefícios da educação financeira em tempos de crise é o empoderamento individual. A partir do momento em que se ensina a organizar o orçamento familiar, a criar um fundo de emergência e evitar endividamentos desnecessários, as pessoas podem enfrentar momentos difíceis com mais tranquilidade e segurança. Além disso, a educação financeira ajuda a desenvolver uma -mentalidade de longo prazo, incentivando o planeamento financeiro para o futuro.

A literacia financeira também desempenha um papel fundamental na prevenção de comportamentos arriscados e de decisões impulsivas, especialmente em períodos de crise económica. Em alturas de incerteza, é comum as pessoas caírem em armadilhas financeiras, como investimentos duvidosos ou empréstimos com juros excessivamente altos. Ter um maior conhecimento financeiro, significa estar mais apto para avaliar riscos, tomar decisões conscientes e evitar ações precipitadas que possam agravar a situação financeira.

Além do impacto positivo nas pessoas, a educação financeira é também benéfica para a economia como um todo. Quando a população possui um nível mais elevado de educação financeira, a tendência é que haja uma redução na inadimplência e uma maior capacidade de poupança. Isso contribui para a estabilização do sistema financeiro e para a recuperação mais rápida da economia após um período de crise.

Investir em programas de educação financeira é uma responsabilidade da sociedade em geral. As escolas podem incluir no programa educativo disciplinas que abordem conceitos básicos de finanças pessoais, como orçamento familiar, investimentos e planeamento de reforma. Por outro lado, as empresas podem incentivar os trabalhadores com programas e sessões informativas que promovam a gestão do dinheiro no âmbito pessoal e profissional.

Em conclusão, a importância da educação financeira, especialmente em tempos de crise económica, é inquestionável. Ao capacitar as pessoas com conhecimentos para lidar com os desafios financeiros, estamos a construir uma sociedade mais resiliente e preparada para enfrentar os períodos de turbulência económica. A educação é sinónimo de liberdade, transformação e crescimento, tanto mais no que diz respeito às finanças. Promover programas educativos que promovam a literacia financeira e garantir um futuro mais estável e próspero para as gerações vindouras.

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