Deloitte: Generative AI e o impacto nas organizações do futuro

A transformação digital tem sido impulsionada pela adoção de tecnologias inteligentes que têm permitido tornar as organizações mais competitivas, eficientes e inteligentes na tomada de decisão.

Vivemos numa era definida por avanços tecnológicos sem precedentes e, no coração desta revolução, encontramos a Inteligência Artificial Generativa. A Generative AI (GenAI), como é habitualmente denominada, representa um marco na fusão entre a criatividade humana e a capacidade computacional.
A GenAI surge como uma força motriz que moldará o futuro dos negócios, das indústrias e da sociedade. E como as organizações navegam no mundo da tecnologia para obter vantagem competitiva, este é o principal desafio empresarial da atualidade.
O verdadeiro impacto da AI e da automação reside em reimaginarmos a forma de fazer todas as nossas tarefas do dia a dia. No entanto, para tirarem partido destes benefícios, as organizações devem estar preparadas para adotar estas tecnologias inovadoras nos seus processos e nas suas formas de trabalho.
A GenAI é um tópico de elevada relevância nos media e nas organizações. Aplicações como ChatGPT, Midjourney e o GitHub Copilot captaram a atenção pública, sinalizando o início de uma nova era.
Esta revolução, embora promissora, não está isenta de riscos –, tais como a privacidade, a segurança, a transparência e a propriedade intelectual. Mas, para navegar com sucesso esta tendência, é fundamental equilibrar a inovação tecnológica com regulamentação e ética, envolvendo a participação de stakeholders de diversas áreas de conhecimento.

CASOS DE ESTUDO
Atualmente, já existem diversos casos de estudo que demonstram o enorme impacto da GenAI nas organizações e na vida dos colaboradores. Adotar a Generative AI é como disponibilizar um assistente especializado e personalizado a cada colaborador.
Na escrita, ao automatizar a criação de textos, a GenAI permite otimizar tempo e esforço, sendo especialmente útil na automação de processos de gestão documental, produção de relatórios mensais criados a partir de dados operacionais, ou até sintetização de documentos extensos para efeitos de pesquisa ou estudos de mercado.
No desenvolvimento de software, a GenAI acelera a geração de código novo, melhora o código de aplicações existentes e a tradução de linguagens de programação para efeitos de migração ou modernização de soluções.
No que se refere à imagem, vídeo e áudio, a GenAI tem demonstrado ser extraordinariamente eficiente na geração de conteúdo com base em texto e análise de imagens. Por exemplo, na automação de materiais de marketing, como folhetos e campanhas, a partir de descrições de produtos ou serviços, economizando tempo e recursos. Também na reprodução de assistentes virtuais, através da criação de avatares que poderão vir a melhorar o atendimento ao cliente.
O impacto positivo e disruptivo que a GenAI tem gerado a nível mundial nas organizações é notável, sendo já possível identificar algumas tendências e transformações de mercado. A transformação do futuro do trabalho já está em curso em alguns setores e indústrias, com agentes de AI a serem utilizados de forma indispensável. Contudo, além da capacidade generativa dos atuais sistemas, pela primeira vez na história, a AI desenvolveu a capacidade de nos entender na nossa forma mais primitiva de comunicar: na linguagem natural, seja esta visual, verbal ou escrita e em qualquer idioma.
A inteligência dos novos assistentes que estão à disposição das organizações, dos gestores e dos colaboradores é de tal forma notória que aqueles que resistam à sua adoção poderão ficar para trás no ambiente de trabalho.
Já o aumento de produtividade, impulsionado pela GenAI, torna possível a implementação da semana de trabalho de quatro dias. Em determinadas funções, os ganhos registados pela adoção de sistemas potenciados pela GenAI são tão expressivos que irão ajudar na redução da carga e do horário semanal de trabalho, bem como na transformação de determinadas funções. Por consequência, num futuro próximo, é também esperado o aparecimento de novas pequenas empresas potenciadas pela AI e com capacidade de operar com um número reduzido de trabalhadores, através da automação de tarefas operacionais repetitivas e demoradas.
Adicionalmente, a crescente capacidade de analisar grandes quantidades de dados e treinar sistemas inteligentes para contextos específicos ou individuais, introduz um novo conceito de hiperpersonalização dos serviços ou produtos para criar experiências diferenciadoras e inovadoras a clientes externos ou trabalhadores internos.
A GenAI poderá significar atribuir a cada cliente ou colaborador o seu assistente pessoal personalizado e com domínio de qualquer área de especialidade. Não obstante, a maioria dos líderes e trabalhadores expressa e realça preocupações muito relevantes com a GenAI. Especificamente, observamos um número significativo de executivos preocupados com a segurança e privacidade de dados confidenciais partilhados em sistemas como o ChatGPT. Observamos também colaboradores reticentes em confiar nos resultados atualmente produzidos pela GenAI, dada a frequência de erros factuais identificados.
É certo que os riscos associados à GenAI e o trabalho necessário para os mitigar são significativos. Todavia, para muitas organizações, os riscos de bloquear a adoção desta tendência poderão ser ainda mais negativos. A grande oportunidade das empresas reside na maximização do valor gerado pela GenAI, garantindo a sua correta governação e mitigando os riscos identificados antecipadamente.

ESTRATÉGIAS DE ADOPÇÃO GENERATIVE AI PARA LÍDERES
Num momento em que os líderes direcionam a sua atenção para o rápido crescimento da GenAI, a Deloitte enumera seis passos essenciais para uma transformação confiante:

01. Explorar o valor da Generative AI no roadmap de transformação digital: Incentivar cada colaborador a experimentar e adotar a GenAI. Desde logo porque a nova geração de recém-formados já virá capacitada nesta tecnologia, mas também pelos ganhos de eficiência efetivos, desde que dentro das políticas ou diretrizes da empresa. Há diversas formas de adotar a tecnologia, como por exemplo, programas formativos em aplicações de livre acesso como o OpenAI ChatGPT (desde que utilizado de forma segura e responsável).
02. Adotar AI Fluency: Não há dúvida de que liderar na era da GenAI exigirá uma liderança forte. Um suporte executivo evidente é essencial para incentivar a experimentação e melhoria contínua, bem como o desenvolvimento de provas de conceito e soluções produtivas. Equipas de trabalho, de todos os níveis e funções, devem desenvolver o seu conhecimento em AI e adotar as melhores práticas para uso da GenAI.
03. Mitigar os riscos da Generative AI com diretrizes claras: De forma a mitigar quaisquer riscos associados ao uso da GenAI nas empresas, devem ser definidas diretrizes claras sobre quais as aplicações da GenAI que podem ou não ser usadas. A título de exemplo, definir boas práticas de verificação de quaisquer factos gerados pela AI ou evitar o upload de dados pessoais e confidenciais.
04. Experimentar e escalar de forma estruturada: A melhor forma de escalar a adoção é estabelecer o modelo operacional adequado para garantir a correta supervisão e concretização dos objetivos definidos.
05. Foco nos estudos de caso de maior retorno: É importante que todos os estudos de caso estejam conectados com a sua estratégia de negócio. Isto não significa ignorar novas ideias inovadoras, mas garantir que o tempo e esforço investidos adicionam valor para os objetivos definidos no roadmap de transição digital.
06. Envolver parceiros proactivamente: Ative o seu ecossistema de parceiros de tecnologia para descobrir e acelerar a adoção da GenAI, de forma segura e estratégica para o negócio. Explore e conheça os serviços disponíveis e a infraestrutura tecnológica necessária, armazenada localmente ou na Cloud, para treinar e personalizar sistemas inteligentes para cada estudo de caso. Foi a partir desta ideia que a Deloitte lançou em Portugal, o Deloitte AI Institute que ambiciona juntar empresas e instituições num ecossistema de AI e inovação.

Em conclusão, é ainda difícil imaginar até onde a GenAI nos pode levar nos próximos anos e quantificar o impacto no futuro do trabalho ou na confiança da interação homem/máquina. Nenhum emprego será substituído pela AI, mas sim por um outro colaborador fluente no uso de máquinas inteligentes. No entanto, o ‘zeitgeist da Inteligência Artificial’ permitirá aos humanos conquistar novos objetivos, enquanto a GenAI impulsionará uma era sem precedentes de potencial humano.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Robótica e Inteligência Artificial”, publicado na edição de Setembro (n.º 210) da Executive Digest.

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