“Bombardeamento estratégico”: ataques de drones ucranianos em território russo “faz parte da contraofensiva de Kiev”, explica especialista

A intensificação dos ataques de drones de longo alcance da Ucrânia contra cidades russas é uma parte fundamental da contraofensiva de Kiev, garantiu esta quarta-feira o antigo comandante do Exército dos Estados Unidos na Europa, Ben Hodges.

Em declarações à revista ‘Newsweek’, o tenente-general já reformado indicou que “é importante ter em mente que uma contraofensiva é mais do que um ataque terrestre. Esse tem sido a parte visível mais óbvia”. “Temos o que chamaria de ‘bombardeamento estratégico”, frisou, salientando os “ataques de drones que atingiram Moscovo várias noites seguidas, bem como outros lugares na Rússia, atrás de fábricas de munições, áreas de armazenamento de petróleo, entre outros”.

“Tudo isto coloca pressão sobre a liderança” dos comandantes militares russos, explicou Hodges. “Dá a iniciativa aos ucranianos, o que obviamente é uma parte importante para levar isto a uma conclusão bem.sucedida. E explora as fraquezas inerentes ao lado russo.”

Na noite desta terça-feira, os drones ucranianos atacaram alvos nas regiões ocidentais da Rússia de Bryansk, Oryol, Kaluga, Ryazan, Moscovo e Pskov. Nesta última, perto da fronteira com a Estónia e a Letónia – ambas nações da União Europeia e da NATO – eclodiram incêndios num aeroporto militar após explosões, com pelo menos quatro aviões de transporte militar Il-76 danificados.

Os ataques de drones em território russo tornaram-se quase diários nas últimas semanas. O presidente Volodymyr Zelensky referiu, em julho último, que a guerra de 18 meses “está gradualmente a regressar ao território da Rússia, aos seus centros simbólicos e bases militares”, no que descreveu como um processo “inevitável, natural e absolutamente justo”.

A pressão sobe na estrutura militar do Kremlin, garantiu Hodges. “Não têm uma estrutura de comando coerente, odeiam-se lá em cima e os melhores comandantes estão mortos ou na prisão. Os mais leais permanecem no cargo apesar da sua incompetência”, referiu.

“A grande Frota do Mar Negro não quer chegar a 160 quilómetros da costa ucraniana neste momento. Têm pavor de mísseis antinavio e de drones marítimos ucranianos. E a Ucrânia nem sequer tem uma marinha. Já a grande força aérea russa não foi capaz de destruir um comboio de transporte de equipamentos e munições da Polónia para a Ucrânia em 18 meses. Isso deve-se à excelente defesa aérea bem como à incapacidade russa. Nunca conseguiram alcançar superioridade aérea”, frisou o militar.