Casos de infeções bacterianas graves em peregrinos “são situações preocupantes e de alerta” e implicam “manter a vigilância”, afirma especialista

Registaram-se dois casos de peregrinos, uma que chegou a Portugal antes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e outro que veio para o evento, que terão desenvolvido infeções bacterianas no nosso País. No caso de Luca, italiano de 24 anos, revelou-se fatal, já para Luz Contreras, colombiana de 60 anos, levou a que lhe tivessem de amputar as pernas e mãos.

Numa altura em que ainda não há explicações, Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP) afirma ao Diário de Notícias que “globalmente, a jornada, não trouxe mais eventos de saúde pública”.

“As únicas situações específicas são as que estão a ser relatadas na comunicação social, de infeções bacterianas”, aponta o especialista, que sublinha que “são situações preocupantes e de alerta, sendo necessário manter a vigilância”.

Tato Borges considera necessário saber onde andaram estes peregrinos, que atividades fizeram e se há mais pessoas, com quem se cruzaram, com sintomas.

“Não consigo ter uma explicação concreta ou retirar qualquer conclusão destes casos”, indica o especialista, ainda sem respostas para os casos dos dois peregrinos com infeções bacterianas graves

Gustavo Tato Borges recorda ainda que um evento de massas como a JMJ, “aumenta a possibilidade de efeitos adversos para a saúde pública, quer sejam eles infeciosos, com maior possibilidade de transmissão de determinadas doenças, quer sejam riscos físicos, quedas e outros acidentes, que estão associadas ao dia a dia e à grande concentração de pessoas num determinado espaço”.

Luz e Luca são os casos conhecidos para já
Luz Contreras, colombiana de 50 anos, veio a Portugal para cumprir um sonho mas acabou a viver um verdadeiro pesadelo. A mulher partiu da Colômbia com um objetivo claro e com o qual sonhava há muito: conhecer o Santuário de Fátima. No entanto acabou com as pernas e mãos amputadas devido a uma infeção bacteriana, que terá sido contraída quando estava em Portugal.

Segundo a Antena 3, Luz chegou a Portugal no dia 27 de junho. Dois dias depois, quando tinha a vista marcada para conhecer o Santuário de Fátima, sentiu-se mal e com febres altas. Foi ao Hospital da Luz e acabou internada, entre 29 de junho e 7 de julho. Acabou por ser transferida para o Hospital de Santa Maria.

Foi diagnosticada com uma infeção causada pela bactéria ‘Streptococcus pyogenes’, altamente infeciosa e responsável por causar doenças como faringites, escarlatina ou febre reumática. Luz desenvolveu síndrome de choque tóxico e ficou em coma induzido durante seis semana.

A bactérias estava a causar necrose dos tecidos dos pés e mãos, e os principais órgãos da mulher estavam a entrar em falência. A 21 de julho, nos cuidados intermédios, foi recomendado que voltasse para a Colômbia, já que a recuperação demoraria entre oito meses a um ano.

Novo revés: a infeção agravou-se e os médicos tiveram que amputar as pernas e mãos de Luz.

A mulher continua internada no Hospital de Santra Maria, a recuperar. A família criou uma campanha de angariação de fundos para fazer face às despesas de saúde acumuladas com o problema de Luz.

O caso dá que falar após se saber que um jovem italiano, de 24 anos, morreu também com a um infeção bacteriana, que terá contraído quando esteve em Portugal na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O peregrino italiano, de 24 anos, morreu na passada sexta-feira, vítima de uma infeção bacteriana, poucos dias depois de ter regressado a Itália, vindo de Lisboa, onde esteve a participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O caso é relatado pelo Milano Today. Luca Re Sartù, natural de Marnate, morreu no hospital San Gerardo, em Monza, Itália. Começou a ter os primeiros sintomas em Portugal.

O jovem consultou médicos portugueses que atribuíram as queixas de febre alta e cansaço extremo aos dias anteriores de grande atividade e à mudança repentina de temperatura.

Já de regresso a Itália, Luca foi levado do aeroporto de Bérgamo, direto para as urgências do Mater Domini, em Castellanza. Sofreu uma paragem cardiorrespiratória, que foi revertida, e foi transferido para o hospital onde viria a morrer.

Segundo a imprensa italiana, a infeção pela bactéria Staphylococcus foi contraída em Portugal.