“Agonia mensal”, “mercado distorcido” e “uma loucura”: A análise de um dos jornais mais lidos do mundo à crise da habitação em Portugal

“Aqui gastamos quase 90% do salário em renda todos os meses. O que sobra vai para gás, eletricidade, água e alimentação. Vivemos à beira do abismo”, conta uma mãe que vive sozinha com a filha, e que ganha 930 euros por mês, gastando 700 em renda.

Pedro Gonçalves
Julho 31, 2023
17:36

O jornal britânico The Guardian, um dos mais reconhecidos em mais lidos meios de comunicação ingleses, dedicou este fim de semana um artigo em que analisa a crise da habitação em Portugal. A situação é descrita como “uma loucura” trabalho jornalístico, que detalha a “agonia mensal” que enfrentam muitas famílias, num país onde “os preços das rendas fazem troça dos baixos salários”.

“Aqui gastamos quase 90% do salário em renda todos os meses. O que sobra vai para gás, eletricidade, água e alimentação. Vivemos à beira do abismo”, conta uma mãe que vive sozinha com a filha, e que ganha 930 euros por mês, gastando 700 em renda.

O artigo do The Guardian recorda os “esquemas” dos Governos que se juntaram “à desregulação”, em situações como os vistos Gold, que “tornaram o mercado distorcido para além do possível reconhecimento”. Outras ações referidas são os vistos para nómadas digitais e o crescimento exponencial do turismo.

“A situação é uma loucura”, diz ao jornal Agustín Cocola-Gant, investigador da Universidade de Lisboa. “Há 200 camas para turistas em hotéis e alugueres de curto-prazo por cada 100 residentes, è o dobro. É uma loucura. No bairro gótico de Barcelona, com maior pressão turística, há 73 camas para turistas por cada 100 para habitantes”, ilustra o especialista.

São referidas algumas medidas do pacote Mais Habitação do Governo, que para os especialistas ouvidos pelo jornal inglês não respondem ao problema, considerando que Portugal “ficou, compreensivelmente, viciado no dinheiro e investimentos estrangeiros”.

O verdadeiro problema é também o da desigualdade territorial e de 48 mil casas desocupadas ou abandonadas em Lisboa, e 750 imóveis devolutos em todo o País, assinala o artigo.

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