Berlim impõe controlo de identidade para entrar nas piscinas públicas devido a episódios de violência entre banhistas

Por estes dias Berlim (bem como outras cidades alemãs) vive dias de calor em níveis pouco habituais e, por isso, são cada vez mais os que recorrem a piscinas públicas. Ao mesmo tempo, dispararam os episódios de discussões, violência e pancadaria entre banhistas nestes espaços, o que já levou as autoridades locais a tomar medidas e a instalar controlos de verificação de identidade para acesso às piscinas.

Têm-se multiplicado os casos em várias piscinas ao ar livre. No bairro de Neukölln, um dos mais multiculturais e conturbados da capital alemã, as altercações entre banhistas tornaram-se tão comuns na piscina de Columbiadad, que este espaço acabou mesmo por fechar, assinala o El Mundo.

Os funcionários meteram baixa e, mais tarde, numa carta aberta, explicaram que não aguentavam mais a pressão e o stress, já que muitos dos conflitos acabavam por gerar confrontos e, quando os trabalhadores e nadadores-salvadores tentam intervir, acabam agredidos.

“O acumular de incidentes e o comportamento de alguns banhistas representam um fardo extremo para os nossos funcionários”, lamenta Johannes Kleinsorg, diretor das piscinas públicas e Berlim.

O choque cultural com muitos migrantes que chegam do Medio Oriente e de outras regiões é também outra das causas, assinaladas pelos trabalhadores. “Não podemos fazer nada, escapa-nos das mãos. Se vem uma mulher e faz topless é o caos”, relata ao ABC um nadador-salvador.

O Bild assinala a mesma situação e escreve que “mulheres, homossexuais e judeus são presas fáceis” para acabarem envolvidos em agressões.

No último fim de semana um grupo de 20 jovens protagonizou uma cena de pancadaria devido ao local onde estendiam as toalhas, e que terminou com dois menores detidos e um funcionário das piscinas de Wolfshagenerstrasse hospitalizado com ferimentos graves.

Assim, forçado a agir, o presidente da Câmara de Berlim, Kai Wegner, impôs a obrigatoriedade de apresentar documento de identificação à porta das piscinas públicas, em vigor desde dia 15.

No entanto, a medida está a levantar polémica. por um lado, não foi tido em conta neste controlo eventuais incompatibilidades com as leis de proteção de dados, com o responsável de Berlim ainda a analisar as implicações.

As autoridades assinalam outras medidas, como “reforçar o pessoal de segurança, colocar equipas especializadas, limitar o número de banhistas, projetar a zona exterior da piscina de forma a promover a segurança”, algumas já em vigor.

Os casos de violência, na esmagadora maioria dos casos que envolvem apenas homens, estão a espalhar-se pela Alemanha e o chanceler Olaf Scholz já defendeu ação policial robusta. “As piscinas públicas são uma parte fundamental da nossa infraestrutura, são especialmente importantes para famílias de baixos rendimentos, que não podem sair de férias e têm uma hipótese de passar o tempo livre no verão”, assinalou.

Os incidentes estão também já a ser ‘aproveitados’ pela extrema-direita alemã, que assinala que os casos envolvem, muitas vezes, migrantes e ironiza, em cartazes e publicações divulgadas nas redes sociais que já há mais controlo para entrar nas piscinas de Berlim do que para entrar em território da União Europeia.