Que países da UE são mais vulneráveis à seca? Portugal no mapa ‘vermelho’ dos territórios afetados

Portugal teve um março e um abril anormalmente secos, especialmente a sul, com menos precipitação do que o habitual, deixando os solos secos. Ao mesmo tempo, abril registou temperaturas recorde e foi um dos mais quentes de sempre, com as temperaturas acima da média mensal. Portugal está em situação de seca e em risco de sofrer ainda mais com as alterações climáticas, mas não é caso único na União Europeia (UE).

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), foram registadas ondas de calor em metade das estações meteorológicas nacionais, entre 2 e 11 de abril. Os números apontam para que quase 90% do território de Portugal Continental está em seca, e um quinto do País está em situação de seva severa.

Os números representam o dobro do registado em março, e cinco vezes a área reportada um ano antes.

Além da seca, outros fenómenos meteorológicos extremos, como chuvas muito intensas ou cheias, têm afetado a UE. A sul do ‘velho continente’, teme-se o verão que está a chegar e que promete seca ainda mais severa do que no ano passado, que foi a pior dos últimos 500 anos, segundo investigadores europeus.

Em alguns locais, como em Espanha, já há falta de água e os agricultores esperam duros impactos nas colheitas e na criação de gado.

De acordo com o Observatório Europeu de Seca, mais de 20% do território da UE está em alerta de seca e 3,2% sob qualquer outro tipo de alerta. O organismo assinala que vários anos de seca seguidos resultaram no ‘desfalque’ das reservas de água subterrâneas, ao mesmo tempo que o nível dos rios e barragens estão em valores baixos.

Estabelece o organismo que Portugal e Espanha sentem de forma mais intensa os impactos da falta de chuva, mas os países do Báltico e da Escandinávia também estão a ser afetados pelos solos mais secos do que o habitual. Em França, 26 dos 101 distritos estão em alto risco de seca até ao final deste verão.

Segundo o mapa que mostra o indicador combinado de seca, nos países da UE, Portugal e Espanha aparecem claramente destacados como uma mancha laranja (défice de água nos solos) e vermelha (stress da vegetação após queda de chuva e défice de água nos solos). O sul de Portugal (e centro e sul de Espanha, assim como parte da Sicília, em Itália, são as regiões mais impactadas pelas condições de seca atualmente, segundo o Observatório.

Alguns dos países afetados pela situação, incluindo Portugal, já pediram fundos europeus da reserva para a agricultura, que tem uma dotação de 450 milhões com o objetivo de apoiar os agricultores em circunstâncias excecionais.

O cenário em Espanha e Itália
No ‘país vizinho’, as chuvas no inverno e primavera foram abaixo do habitual, com uma quebra de 24% face à media habitual, entre outubro do ano passado e abril deste ano.

Na Catalunha, os efeitos são especialmente severos, uma vez que a região está há 30 meses em seca. Há localidades à volta de Barcelona em que o abastecimento público já está a ser assegurado por camiões cisterna, após poços e reservatórios terem secado.

Muitos produtores de gado, sem pastagens, viram-se obrigados a investir em alimentação, fazendo subir os preços para os consumidores. Há também preocupações de que a produção de vegetais e fruta esteja em risco, devido à falta de recursos hídricos.

Em maio, o governo espanhol aprovou um pacote de medidas de mais de dois mil milhões de euros para combater os efeitos da seca. Agora a situação é outras: a chuva está a cair de forma muito intensa em algumas zonas de Espanha, como em Madrid, Barcelona ou Valência, que estão sob aviso amarelo de chuva forte e possíveis tempestades esta semana.

Já em Itália, as fortes chuvas que causaram cheias e inundações nas últimas semanas não deverão reduzir os duros efeitos que se vão sentir no verão, segundo os especialistas do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus.

O nível das águas da bacia do rio Po, que representa metade dos recursos hídricos do país estão em níveis muito baixos e a água salgada do Adriático está a subir para o delta do rio. A continuar, as terras em volta ficarão inutilizadas para a agricultura.