Laurent Diot (Renault): “A Dacia dirige-se a um cliente particular”

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O modelo de negócio da Dacia assenta no cliente particular, explica Laurent Diot, administrador-delegado da Renault Portugal. “Uma marca sem concorrência direta no mercado” adianta, na terceira parta da entrevista à automonitor.
Como vê o desempenho da Dacia num mercado, como o português, onde os clientes ligam muito a marcas?
A Dacia tem um modelo de negócio particular e muito interessante, que tem como objetivo dirigir-se em primeiro lugar ao cliente particular. Mas o que é interessante na Dacia é que, na realidade, a Dacia não tem uma concorrência verdadeira, porque o seu modelo de negócio e a oferta de produtos, em si mesma, não tem concorrentes. Um exemplo particular que ilustra bem esta afirmação é o Duster, e que é uma oferta sem concorrência única no mercado.
O Logan, que é um grande sucesso no mercado dos táxis, tem concorrentes diretos, como o Citroen C-Elysée ou o Skoda Rapide?
O que é interessante no mercado de táxis é perguntarmos por que é que a Dacia tem um bom desempenho neste mercado? E a resposta é que a Dacia é um produto eficaz para o modelo de negócio dos táxis. Como funciona este modelo de negócio? Eu compro uma viatura quer utiliza todos os dias e do qual retiro um rendimento. E quando faço a diferença entre o rendimento que retiro e o custo de utilização, entre a compra da viatura, a sua utilização e finalmente a sua revenda, a Dacia é uma viatura que funciona bem. Os taxistas são empreendedores é preciso vê-los como tal e se eles compram Dacia tem a ver com a já referida eficácia, com qualidade e robustez. É uma escolha inteligente,
E finalmente, quando falamos da Dacia, falamos sobretudo de uma escolha inteligente ou de um preço inteligente. É isto, a Dacia, e é por isso que dizemos que ela não tem concorrência.
Mas é uma marca que pode subir um pouco em gama. Isso não vai criar uma canibalização com a Renault?
Não há canibalização entre a Renault e a Dacia ou eventualmente haverá uma canibalização muito fraca. Se olharmos para outras marcas de outros grupos com muitas marcas, constatamos que existe uma canibalização muito maior entre modelos das diferentes macas.
No nosso caso, quando vemos um produto Renault e um produto Dacia, vemos bem que são produtos bem diferentes, com preços diferentes. Toda a estratégia do grupo Renault é de ter de ter como objetivo de separar as duas marcas e as suas ofertas de produtos. A oferta em si mesma permanecerá totalmente diferente. Hoje um Duster não tem nada a ver com um Captur. São viaturas totalmente diferentes nas suas propostas, no seu preço, nas suas dimensões, e é isso que faz com que, quando olhamos para os dois últimos anos, a Renault tenha crescido e a Dacia também. O que prova que se há canibalização ela é extremamente fraca.
 

Quem é Laurent Diot?

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O francês Laurent Diot é, desde Julho, o administrador-delegado da Renault Portugal, substituindo no cargo Xavier Martinet, que foi chamado a desempenhar novas funções no Grupo Renault.
Iniciou a sua carreira na Renault em 1997, como analista de mercado na Divisão Renault North American Center, em Detroit. Entre 1998 e 2001 foi Marketing Project Manager na Renault SAS em Paris, com responsabilidades no plano de expansão da Renault para novos mercados.
Em 2001 transitou para a Renault Samsung Motors, na Coreia do Sul onde teve, até 2006, responsabilidades nas áreas de Marketing e novos mercados, na dependência direta de Jêrome Stoll, Diretor de Performance do Grupo Renault e membro do Comité Executivo do Grupo.
Em 2008 regressa à sede em Paris onde desempenha várias funções, entre as quais as de responsável pelas previsões de vendas da Renault para todas as regiões do mundo. Em Julho de 2011 assume o cargo de Diretor de Marketing da filial Renault Argentina, que desempenhou até à recente nomeação como Administrador-Delegado da Renault Portugal.
Diot, 41 anos, é licenciado em engenharia com um Master em Tecnologia e Gestão da École Centrale de Paris. É casado e pai de três filhos.