Ensaio Mazda MX-5 1.5 Skyactiv-G: De Hiroxima com amor!
terrível missão: dar continuidade à história de sucesso iniciada em 1989 pelo primeiro modelo (conhecido por NA). Mas não há razões para temer: o Mazda MX-5 está melhor do que nunca! Mais de duas décadas passadas e o MX-5 respeita na íntegra todas as premissas que fizeram dos anteriores modelos (nem tanto a terceira geração…) verdadeiros sucessos comerciais. A marca de Hiroxima lançou ‘mãos à obra’ e criou um MX-5 totalmente novo, mais leve e mais ágil, num famigerado regresso às suas raízes, colocando o prazer de condução acima de tudo. E o novo MX-5 cumpre essa missão com uma notável veleidade. É importante começar por este elemento: a condução. Porque é disso que um comprador de um roadster como o MX-5 vai à procura quando se senta atrás do volante. Para os japoneses, cuja cultura histórica se reveste de grande importância, o termo ‘jinba ittai’ está aqui bem enraizado no processo de desenvolvimento deste modelo. E o que é ‘jinba ittai’? Basicamente, significa o entendimento simbiótico (não se vão já embora…) entre cavaleiro e o seu cavalo, naquele que era um conceito fundamental para a cavalaria japonesa, denominada Yabusame. Hoje, os ‘cavalos’ são aqueles declarados na potência do motor e os ‘cavaleiros’ assumem uma pose mais descontraída ao volante. Mas a simbiose entre a ‘montada’ e o condutor, de acordo com a Mazda, deve ser a mesma. [wonderplugin_gallery id=”35″] Essa intimidade entre condutor e automóvel acaba por ser perfeitamente recriada no MX-5. Simples de guiar no quotidiano e bem mais confortável do que a geração anterior (denotando assim um ótimo trabalho efetuado ao nível das suspensões), é nas estradas montanhosas e serpenteantes que este roadster assume o seu carácter mais entusiasmante. Tal como o velho conceito ‘jinba ittai’ é trazido para o presente, também o tradicional conceito de motor dianteiro/tração traseira foi recuperado para o novo MX-5, com uma distribuição de pesos de 50:50 entre os dois eixos para maior diversão ao volante. Palavra chave: diversão E, no final de contas, é isso mesmo que o novo MX-5 oferece: diversão… a rodos! Ainda que o motor desta versão 1.5 Skyactiv-G de 131 cv não seja um portento de força, é mais do que suficiente para elevar a adrenalina, apresentando aquele carácter intrínseco aos motores atmosféricos em que é preciso elevar as rotações para se extrair o seu potencial. Acima das 3000 rpm, o motor assume uma outra ‘alma’ e providencia acelerações e recuperações de bom nível. Mas é preciso também jogar com a caixa de seis velocidades que, de tão bem concebida, se torna numa importante aliada para a prática de uma condução espirituosa. O seu posicionamento, bem perto do volante, não é inocente. Ajuda a que o condutor possa se empenhar na extração do potencial do motor. E é bem visto. E se levá-lo por estradas de montanha é revitalizante, também é verdade que vai visitar com alguma frequência os postos de abastecimento, mesmo que os consumos não sejam elevados. A média de 7,2 l/100 km foge vagamente dos 6,0 l/100 km anunciados, mas não é uma diferença dramática. Os 131 cv de potência podem não parecer suficientes no papel mas, na prática, chegam ‘para as encomendas’: graças ao seu peso muito contido (pense-se que este novo MX-5 é apenas cerca de 50 kg mais pesado do que o primeiro, de 1989, o que é impressionante), parece até mais rápido do que aquilo que os números oficiais apontam (8,3 segundos dos 0 aos 100 km/h), enquanto o comportamento prima pelo equilíbrio e eficácia. Ou seja, a forma natural como consegue transmitir ao condutor o que está a acontecer na estrada é realmente impressionante para um modelo tão acessível. Em curva, a suspensão permite algum rolamento da carroçaria, mas não sendo excessivo apenas serve para ajudar o condutor a perceber onde está o limite na transferência de pesos. A direção é outro dos pontos positivos, mesmo que em reta e a velocidade de cruzeiro seja algo vaga. Peso certo Provocar a traseira não é difícil (desligue-se o ESP…), mas as suas derivas são facilmente controláveis e acabam por servir, sobretudo, para enaltecer o tremendo acerto deste chassis, onde tudo conflui para uma experiência ao alcance de poucos modelos: o baixo peso (cerca de mil quilos), o centro de gravidade reduzido (condutor e passageiro vão sentados quase no chão) e menos de quatro metros de comprimento (3915 mm) unem-se a um chassis de conceito Skyactiv com as mais recentes tecnologias de construção para maior rigidez e mais ligeireza. Neste campo, há detalhes que exemplificam a minúcia dos engenheiros da Mazda, como por exemplo, a existência de furos nalguns elementos não estruturais da carroçaria, de forma, uma vez mais, a baixar o peso… No total, a redução foi de cerca de 100 kg face ao anterior modelo, com o balança a acusar 975 kg na versão mais ‘leve’ do novo MX. Percebe-se que esse foi o grande fito no desenvolvimento do novo MX-5, mas que as suas implicações são transversais a todos os seus aspetos, desde as performances à economia, passando pela dinâmica, tão querida para os entusiastas deste pequeno roadster. O interior, também essencial num roadster deste tipo, não desaponta, primando pela qualidade e rigor de montagem, destacando-se a integração do sistema multimédia com o tablier e as aplicações em pele no volante, bancos, alavanca da caixa de velocidades e travão de mão, ainda que haja um certo ambiente espartano neste MX-5. A posição de condução é das melhores do mundo automóvel – baixa e imersiva –, com os bancos a oferecerem igualmente bom apoio lateral. Já no que diz respeito a espaços de arrumação… esqueça. No habitáculo, apenas um compartimento central entre os dois bancos serve de porta-luvas. Também a bagageira é escassa, disponibilizando apenas 130 litros. Ou seja, pode ir às compras no sábado, mas aquela ‘escapadinha’ de uma semana… A capota em lona tem funcionamento manual, sendo bastante simples de retirar ou montar. O isolamento acústico e das vibrações também está bastante melhor nesta geração. VEREDICTO Pode soar a cliché, mas com este Mazda MX-5 ganha força a premissa de que “mais importante do que o destino, interessa a viagem”. O pequeno roadster da marca de Hiroxima nunca teve por objetivo ser um poço de músculo, mas antes um acrobata ágil. Seguindo as tendências atuais, teria sido fácil para a Mazda aumentar o peso total com luxos supérfluos e aumentar, em consonância, a potência total. Mas isso seria desvirtuar o conceito original. Por outras palavras, não importa a potência bruta, mas sim a diversão ao volante assente em conceitos de agilidade e precisão. E é aqui que o novo MX-5 se exibe ao seu melhor nível, mantendo intocado o espírito original do NA de 1989 naquele que é o maior elogio que se lhe pode fazer. Para os que procuram mais potência, a marca tem disponível um motor de 160 cv igualmente a gasolina, mas o que importa reter é que o bloco 1.5 é já um emocionante ponto de partida. Por fim, por este preço, abaixo dos 25 mil euros, não se encontra um foco de diversão tão eficaz como este novo Mazda MX-5. FICHA TÉCNICA Mazda MX-5 1.5 SKYACTIV-G 131 cv Excellence Navi
Motor | |
Tipo | 4 cilindros em linha, long., injeção direta |
Cilindrada | 1496 |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5×85,8 |
Taxa compressão | 13,0:1 |
Potência máxima (cv/rpm) | 131/7000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 150/4800 |
Transmissão e direcção | |
Tracção | Traseira |
Caixa | Manual de 6 velocidades |
Direcção | Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica |
Dimensões e pesos | |
Comp./largura/altura (mm) | 3915/1735/1230 |
Distância entre eixos (mm) | 2310 |
Largura de vias fte/tras. (mm) | 1495/1505 |
Travões fr/tr. | Discos ventilados/Discos |
Peso (kg) | 1050 |
Capacidade da bagageira (l) | 130 |
Depósito de combustível (l) | 45 |
Pneus série | 195/50 R16 (Yokohama Advan) |
Prestações e consumos | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 8,3 |
Velocidade máxima (km/h) | 204 |
Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) | 4,9/7,9/6,0 |
Emissões de CO2 (g/km) | 139 |
Preço (Euros) | 24.450 |
Versão ensaiada (Euros) | 30.550 |