Este é o melhor país da Europa para ter um carro elétrico

Apesar disso, a verdade é que os veículos inteiramente elétricos ainda representam menos de 5% do parque automóvel mundial, com os carros de motorização a combustão a dominar as vendas. Alguns países vão fazendo um trabalho melhor do que outros, sendo que a China tinha, em 2018, três vezes mais carros elétricos do que outras regiões do globo, de acordo com um estudo da McKinsey. Naquele país, os elétricos mais populares são os compactos de baixa velocidade, que no passado já representaram metade de todo o mercado.

Depois dos EUA, a Europa surge em terceiro lugar no ranking da penetração de veículos elétricos, mas nem todos os países estão a fazer a conversão à mesma velocidade. Qual é, então, o melhor país do Velho Continente para ter um carro elétrico?

 

Na terra do bacalhau

A Noruega destaca-se dos demais na forma como os condutores consistentemente têm vindo a alterar os seus hábitos de condução dos veículos a combustão para os elétricos. Existem atualmente 55 veículos elétricos por cada 1000 habitantes na Noruega. Em março de 2019 foi quebrado um recorde de vendas, sendo 60% dos novos carros vendidos modelos 100% elétricos. Embora noutros mercados as vendas sejam mais altas, é a proporção da população deste pequeno país a comprar este tipo de veículo que o torna tão potencial para o futuro do mercado automóvel elétrico.

De acordo com a revista Forbes, milhares de pessoas estão em listas de espera e os stands tentam ajustar-se à procura. Já em 2020 12.784 veículos elétricos foram matriculados naquele país, incluindo modelos como o Audi E-tron, o Nissan Leaf e o Volkswagen Golf. A aceitação da tecnologia está a ser tão rápida que o objetivo do governo de ter 50.000 carros elétricos nas estradas norueguesas já foi atingido em abril de 2015. 

Se olharmos para o top 5 de veículos elétricos na Europa, encontramos nas restantes posições alguns dos maiores mercados do continente. França e Reino Unido têm os maiores totais globais de vendas a seguir à Noruega, segundo dados da European Automobile Manufacturers’ Association (ACEA). No entanto, se tivermos em consideração a proporção populacional, estes dois países, embora ocupem a segunda e terceira posição da tabela, afastam-se brutalmente da Noruega. São 55 automóveis elétricos por cada 1000 habitantes da Noruega, contra 8,4 em França e 3,2 no Reino Unido. 

 

Porquê a Noruega?

Não será alheio a todo este sucesso dos veículos elétricos o facto das energias renováveis serem relativamente universais na Noruega. Quase toda a energia produzida no país provém de 31 estações hidoelétricas geridas pelo Estado. Isto faz com que alternar com outras energias renováveis na Noruega seja um processo muito menos difícil do que em países com menores investimentos em políticas ambientais.

Do mesmo modo, os incentivos fiscais funcionam como motivos verdadeiramente tentadores à substituição de um carro movido a gasolina ou diesel. Antes mesmo de outros países olharem para o assunto uma segunda vez, a Noruega já tinha introduzido reduções nos impostos dos contribuintes que adquirem um carro elétrico. A completa isenção de portagens nas autoestradas, bem como o estacionamento gratuito em parques municipais e um investimento sério em postos de carregamento de veículos, foram outras das medidas revolucionárias introduzidas logo nos primeiros anos do milénio, quando muitos países ainda estavam a anos-luz de tornar atrativa a compra de um veículo elétrico.

Outro aspeto que terá contribuído para o sucesso da eletrificação automóvel neste país do Norte da Europa poderá ter sido a experiência pessoal que leva os habitantes a quererem ver-se livres dos automóveis a combustão. No passado as cidades norueguesas sofreram bastante com a poluição e a deterioração da qualidade do ar. A neblina era tão intensa em Bergen, que foi introduzido um plano para banir os automóveis em dias alternados, tendo por base os números das matrículas.

 

Postos de carregamento

Conduzir um carro elétrico será sempre menos apelativo quanto maior for a hipótese de não ser possível chegar ao fim da viagem devido à autonomia da bateria. Apesar de já existirem mais de 200.000 postos de carregamento na Europa, a verdade é que a distribuição não é uniforme. Embora muito menor do que a sua concorrente Alemanha, a Holanda continua a ser o país com mais postos de carregamento públicos – mais de um quarto do total. Logo a seguir vem a Noruega. 

Os postos de carregamento rápido, capazes de carregar 80% da bateria em menos de uma hora, estão também em crescimento. Mais de 11% dos postos de carregamento europeus já têm esta capacidade, o que torna mais fácil considerar ter um carro elétrico, mesmo quando se faz regularmente viagens de longo curso.