Ucrânia: Putin explicou a Scholz e Draghi porque quer cobrar gás russo em rublos

Putin assegurou ao líder alemão que esta decisão “não vai piorar as condições estabelecidas nos contratos para as empresas europeias que importam gás russo”

Executive Digest com Lusa
Março 30, 2022
19:15

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou hoje ao chanceler alemão, Olaf Scholz, e ao primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, as razões para o gás russo ter de ser pago em rublos, garantindo que não prejudicará as empresas europeias.

“A alteração do mecanismo de pagamento é implementada porque, violando as normas do direito internacional, os países membros da União Europeia (UE) congelaram as reservas cambiais do Banco da Rússia”, explicou o Kremlin num comunicado onde resume uma conversa telefónica de hoje entre Putin e Scholz.

O Presidente russo também falou com o chefe do governo italiano, a quem explicou igualmente os detalhes desta medida, referiu o Kremlin.

Putin assegurou ao líder alemão que esta decisão “não vai piorar as condições estabelecidas nos contratos para as empresas europeias que importam gás russo”, referiu a Presidência russa, que não deu detalhes.

O porta-voz do governo alemão adiantou, entretanto, que o Presidente russo assegurou ao chanceler Olaf Scholz que para já a Europa poderia continuar a pagar o gás russo em euros e não em rublos.

Steffen Hebestreit, disse que Putin garantiu a Scholz que os pagamentos da Europa no próximo mês “continuarão a ser em euros e transferidos, como de costume, para o Gazprom Bank, que não está sujeito a sanções”, e que tratará da conversão em rublos.

O chanceler alemão não terá dado o seu acordo a este procedimento mas sim solicitado informações escritas para o compreender melhor, segundo o seu porta-voz.

O Kremlin tinha também adiantado que “foi acordado que haverá conversações adicionais entre peritos de ambos os países”.

A Alemanha tem sido um dos países mais relutantes em incluir o setor energético nas sanções contra Moscovo devido à guerra na Ucrânia, uma vez que 55% do gás que consome provém da Rússia.

Após o anúncio de Putin de exigir em rublos o pagamento pelo gás russo, a UE rejeitou categoricamente esta exigência, dizendo que constitui uma violação dos contratos existentes.

Além da questão dos contratos de gás, Putin falou com Scholz e Draghi sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas terça-feira, em Istambul, bem como sobre “questões relacionadas com a retirada de civis de zonas de combate, especialmente Mariupol”, informou ainda o Kremlin.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões para países vizinhos e a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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