Fenprof diz que continuidade do ministro da Educação é “uma afronta e uma provocação”

Secretário-geral da Fenprof referiu que em vários problemas, como as greves dos professores ou problemas com os cortes ao financiamento dos colégios privados e a discussão da identidade de género, “quem deu a cara” foram os secretários de Estado.

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou esta terça-feira que a continuidade de Tiago Brandão Rodrigues como ministro da Educação é “uma afronta e uma provocação” aos professores, referindo que “não tem méritos para continuar”.

“Para os professores é sentido como uma afronta e uma provocação. Alguém que levou o confronto ao extremo em relação aos professores, levou à mesa que devia ser negocial a chantagem e que nos momentos em que era mais importante haver ministro da Educação não existiu”, disse Mário Nogueira em declarações à agência Lusa.

O secretário-geral da Fenprof referiu que em vários problemas, como as greves dos professores ou problemas com os cortes ao financiamento dos colégios privados e a discussão da identidade de género, “quem deu a cara” foram os secretários de Estado.

“É uma pessoa que já conhecemos, que demonstrou ser incapaz de dialogar, negociar e enfrentar o protesto, não tendo solução para os problemas. Quem segurou nas pontas do Ministério da Educação nos últimos quatro anos foram os secretários de Estado”, disse, acrescentando que as expectativas são “muito baixas”.

Mário Nogueira disse ainda que desconhece quais os méritos que o ministro da Educação tem para continuar no cargo no próximo Governo.

“Nem sabemos o que se pode reconhecer de mérito ao ministro, a não ser os diferentes momentos de afronta contra os professores, para poder continuar. Penso que é o primeiro ministro da Educação que continua após quatro anos de uma legislatura, mas de certeza que não é pelo excelente trabalho que desenvolveu na educação, muito pelo contrário”, frisou.

O dirigente sindical concluiu que Tiago Brandão Rodrigues já demonstrou que “não tem condições para ser ministro”. “Na primeira reunião que tivermos, dentro do relacionamento normal com o novo Governo, vamos levar o caderno reivindicativo sobre os problemas que existem e propostas de solução, mas o ministro já os conhece e não lhes deu respostas”, concluiu.

Na última legislatura, o Governo e os professores travaram uma longa luta peça recuperação integral do tempo de serviço congelado. Os professores exigem um período de nove anos, quatro meses e dois dias, mas o executivo apenas lhe devolveu dois anos, nove meses e 18 dias. O tema chegou a provocar a maior crise política da legislatura, quando o Governo ameaçou demitir-se caso a pretensão dos professores fosse acolhida no parlamento.

FNE: Recondução “era ecpectável”

O presidente da Federação Nacional da Educação (FNE) disse esta terça-feira que a recondução do ministro da Educação “era bastante expectável” e considerou que Tiago Brandão Rodrigues tem a vantagem de conhecer os dossiês e problemas do setor.

“Era bastante expectável a continuidade”, afirmou à agência Lusa João Dias da Silva, referindo que o ministro da Educação hoje proposto “tem a vantagem de conhecer os dossiês que estão por resolver, os problemas que estão identificados e que precisam de ser solucionados, particularmente os que dizem respeito às carreiras dos profissionais da educação, docentes e não docentes”.

Para João Dias da Silva, “há necessidade de intervir no sentido de repor o prestígio da profissão docente, de a valorizar, de rejuvenescer a carreira docente”, além de “resolver os constrangimentos relativos aos concursos para docentes e não docentes, para que as escolas tenham os funcionários de que necessitam”.

O presidente da FNE referiu ainda outras matérias que necessitam da atenção do ministro, como “a formação inicial e contínua de professores, o apoio que deve ser disponibilizado aos professores em início de carreira e para o desenvolvimento de uma carreira que não tenha constrangimentos”.

“Neste momento, que é de início de ano letivo, o que mais nos preocupa é a organização do tempo de trabalho dos professores e a falta de condições dos professores mais novos para aceitaram os horários disponíveis”, declarou, apontando, igualmente, a insuficiência de trabalhadores não docentes, “um problema que persiste e precisa de ser resolvido”.

João Dias da Silva realçou que a equipa do Ministério da Educação não é só o ministro, pelo que é importante que este “saiba rodear-se de secretários de Estado que conheçam a área, que estejam disponíveis para o diálogo e para encontrar soluções e resolver os problemas”.

Questionado sobre se a recondução de Tiago Brandão Rodrigues o deixava satisfeito, o presidente da FNE respondeu: “A nós não são as pessoas que nos satisfazem. O que é importante são as políticas que vierem a ser determinadas”.

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