Bolt quer acabar com trotinetes mal estacionadas, travagens bruscas ou acidentes: sistema de pontuação pode limitar viagens dos utilizadores
A plataforma Bolt vai lançar “em breve” um sistema de pontuação dos utilizadores das trotinetes que, no limite, poderá impedir que circulem durante uma semana, medida que surge após o lançamento do Compromisso de Segurança.
Em declarações à Lusa, o responsável de micromobilidade da Bolt em Portugal, Frederico Venâncio, explicou que, depois de lançar o seu Compromisso de Segurança, documento que tem linhas orientadoras para promover a segurança em trotinetes, a empresa decidiu implementar um sistema de avaliação de comportamentos em trotinetes.
“Ambos complementam-se. Fizemos um estudo para, basicamente, entender quais é que são as prioridades para o bom crescimento da micromobilidade nas cidades e chegámos a nove pontos que são fundamentais para este bom desenvolvimento”, explicou.
De acordo com o responsável, o primeiro ponto tem a ver com o trabalho em conjunto com os municípios, desde a partilha de dados, ao cumprimento das regras, às sinergias entre os próprios municípios.
Em relação ao segundo ponto, o responsável aponta os programas de educação e sensibilização junto dos utilizadores, onde se insere o novo sistema que a Bolt “vai implementar muito brevemente em Portugal”.
Segundo Frederico Venâncio, o que a Bolt fez foi “pegar em todas as soluções que já tem, com todos os sensores disponíveis nas trotinetes, e começar a avaliar o comportamento de cada utilizador, como, por exemplo, no estacionamento”.
Se estiver mal parado “já lhe vai dar um ranking de avaliação”, explicou.
“Temos atenção a viagens com mais de um utilizador, um projeto piloto. Será também verificado o tipo de travagens efetuadas, se são muito bruscas ou repentinas”, disse, salientando que o sistema irá verificar também se há algum tipo de derrapagem ou queda ou colisão com a trotinete.
De acordo com o responsável, todos os indicadores juntos vão dar a métrica dos utilizadores, o que significa que, se um utilizador tiver “uma percentagem muito baixa de avaliação, tendo em conta o sistema, vai ter algumas penalidades”.
As penalidades vão passar desde uma advertência através da aplicação, uma notificação a avisar que não está a conduzir da melhor maneira e uma penalidade um “bocado mais severa”, que é a redução para uma velocidade de 15 km/hora.
No limite, “depois de verificar que com as advertências não há alteração de comportamento, suspende-se a conta do utilizador” por uma semana, acrescentou.
“Claro que queremos que todos os utilizadores e todos os cidadãos possam utilizar as trotinetes, mas queremos que as usem de forma correta, salvaguardando a sua própria segurança. Portanto, se virmos que há comportamentos inadequados não vamos ter qualquer problema em suspender ou bloquear uma conta, porque não só está em risco da sua segurança, como a de qualquer outro peão que ande na rua”, frisou Frederico Venâncio.
No estudo, foram ainda identificados pontos que passam por a empresa ter “veículos cada vez mais seguros”, a prevenção de viagens sob o efeito de álcool ou drogas, cujo teste de reação cognitiva na aplicação já se encontra em funcionamento, a partir de determinadas horas da noite, e que impede a condução embriagada.
“Se não tiver agilidade suficiente para fazer o teste, não vai poder realizar a viagem”, explicou.
Frederico Venâncio lembrou também a preservação do espaço público, nomeadamente na organização dos ‘parking spots’, acrescentando que já há uma solução de estacionamento com controlo por inteligência artificial, quando, no final da viagem, o utilizador é obrigado a tirar uma fotografia pela qual se irá verificar se a trotinete está bem estacionada.
Surge também no estudo a proteção dos grupos mais vulneráveis, idosos e pessoas com deficiência, além da partilha de dados e transparência, algo que Frederico Venâncio reconheceu que a empresa “já faz com muita frequência”, seja sobre os pontos de segurança, acidentes e mesmo sobre tecnologia.